Protesto: a situação ilustra as profundas divisões religiosas no Paquistão, país majoritariamente muçulmano (Aamir Qureshi / AFP)
Da Redação
Publicado em 30 de março de 2016 às 10h02.
Manifestantes muçulmanos radicais intensificaram nesta quarta-feira um protesto em Islamabad com a recusa a interromper a manifestação que paralisa, há vários dias, o acesso às principais instituições políticas do país, onde no domingo um atentado que tinha os cristãos como alvos deixou 73 mortos.
Os manifestantes, que exigem, entre outras coisas, a execução por enforcamento de uma cristã condenada por blasfêmia, se declaram dispostos a permanecer no local, apesar do prazo estabelecido para sua saída expirar nesta quarta-feira.
A situação ilustra as profundas divisões religiosas no Paquistão, país majoritariamente muçulmano.
Milhares de pessoas caminharam no domingo à tarde até a capital, antes de parar na Avenida da Constituição, que dá acesso ao Parlamento, à sede da presidência e aos prédios do governo.
A mobilização, que chegou a reunir 25.000 pessoas, começou com uma homenagem à memória de Mumtaz Qadri, um islamita enforcado no fim de fevereiro por ter assassinado em 2011 o governador de Punjab porque este apoiava uma reforma que flexibilizava a polêmica lei sobre a blasfêmia.
Os islamistas também exigem a execução de Asia Bibi, uma cristã, mãe de cinco filhos, condenada por blasfêmia em 2010. Eles pedem ainda que Mumtaz Qadri seja declarado "mártir", assim como a aplicação de maneira rígida da 'sharia', a lei islâmica.
"Caso os manifestantes não se dispersem pacificamente esta noite, faremos com que saiam na manhã de quarta-feira", declarou na véspera o ministro do Interior, Chaudhry Nisar Ali Khan.
Os manifestantes permaneciam tranquilos no local e afirmaram que não pretendem sair da avenida até que as 10 exigências sejam atendidas.
"Nossos partidários estão dispostos a morrer. Se o governo iniciar uma operação, não fugirão, enfrentarão as balas", disse Arshad Asif Jalali.