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Muçulmanos franceses condenam "impostores" do EI

Simples fiéis ou viciados no Youtube, trabalhadores humildes ou imãs conhecidos, muçulmanos franceses condenaram os atentados terroristas ocorridos em Paris

Muçulmanos exibem a bandeira da França na Grande Mesquita de Estrasburgo (PATRICK HERTZOG/AFP)

Muçulmanos exibem a bandeira da França na Grande Mesquita de Estrasburgo (PATRICK HERTZOG/AFP)

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Da Redação

Publicado em 20 de novembro de 2015 às 18h20.

Simples fiéis ou viciados no Youtube, trabalhadores humildes ou imãs conhecidos, muçulmanos franceses condenaram nesta sexta-feira, dia de oração semanal nas mesquitas, os atentados terroristas ocorridos há uma semana em Paris, realizados por "impostores sem pensamento ou doutrina", disseram.

"O muçulmano, por definição, não é alguém que mata, é alguém que busca a paz", afirmou, em tom firme, o imã Mohammed El Mahdi Krabch, citando versículos do Alcorão, na mesquita El Bujari, de Avignon. Em uma sala lotada, homens o escutaram atentamente.

Após os ataques em Paris, cuja autoria foi reivindicada pelo grupo Estado Islâmico (EI), a instância que representa 5 milhões de muçulmanos na França, o Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM), propôs às 2,5 mil mesquitas do país que usem um "texto solene que condene sem ambiguidade toda forma de violência".

No islã sunita não há clero, e ele é dividido segundo a origem dos fiéis (marroquinos, argelinos, turcos).

"O terrorismo não possui doutrina, não tem um projeto", disse em seu sermão o imã de Bordeaux Tareq Oubrou, um conhecido teólogo.

"Não estamos à margem desta violência. Amanhã ou depois, algo pode acontecer aqui na mesquita", advertiu, após lembrar que "o terrorismo dos grupos jihadistas no mundo matou mais muçulmanos do que não muçulmanos".

'Gente perdida'

Após a oração na mesquita As Salam, em Metz, Ismail, um estudante de 17 anos, mostrou-se satisfeito com a lição doutrinal. "Era importante o ponto de vista religioso, ter citações do Alcorão."

"Não é necessária uma mensagem religiosa para entender o que aconteceu, atos bárbaros motivados por outras razões", explicou Moustapha, 30. "São ex-delinquentes, gente perdida, é isso."

Fora das mesquitas, muitas das quais ainda são controladas por muçulmanos da primeira geração, moderados, outros fiéis mostraram um ponto de vista mais enérgico nas redes sociais.

"Dirijo-me a todos os muçulmanos da França: temos que proteger nossa bela religião, vamos perseguir esses impostores que se fazem passar por muçulmanos matando gente", declara Bassem Braiki, ou "Chronic 2 Bass", em um vídeo com mais de 5,7 milhões de visualizações no Facebook.

Em outro vídeo, um jovem parisiense de apelido "Anasse", de barba aparada, não faz rodeios para definir os jovens que protagonizaram o pior massacre na França desde a Segunda Guerra Mundial.

"São marginais dos subúrbios que não têm nada melhor para fazer. Achavam que estavam em um videogame", comenta. "Se você não gosta da França e blá-blá-blá, colega, vá embora daqui."

Em Duchère, região popular perto de Lyon, Hachim, 43, acompanhou com atenção o sermão. Centenas de fiéis assistiram, e alguns tiveram que se instalar do lado de fora do templo, por falta de espaço.

"Muçulmanos ou não, vivemos todos na mesma casa. Se o teto cai, vamos todos nos encontrar na rua", comentou.

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