Mubarak negou qualquer envolvimento na morte de manifestantes durante a revolta que pôs fim a seus 30 anos no poder (Alex Wong/Getty Images)
Reuters
Publicado em 2 de março de 2017 às 14h16.
Cairo - O principal tribunal de apelações do Egito considerou o ex-presidente Hosni Mubarak inocente da acusação de envolvimento nas mortes de manifestantes durante os protestos de 2011 que culminaram com o fim de seu regime de 30 anos, em um veredicto final que pode representar a libertação do ex-mandatário.
Após um julgamento que durou o dia todo, o juiz Ahmed Abdel Qawi anunciou: "A corte considerou o acusado inocente".
O tribunal também rejeitou pedidos de advogados das vítimas de reabertura de processos civis, fechando as portas para mais recursos ou um novo julgamento.
Durante o julgamento Mubarak negou qualquer envolvimento na morte de manifestantes durante a revolta que pôs fim a seus 30 anos no poder.
O ex-presidente, de 88 anos, havia sido condenado à prisão perpétua em 2012 por conspirar para assassinar 239 manifestantes, semeando o caos e criando um vácuo de segurança durante uma revolta de 18 dias iniciada em janeiro de 2011, mas um tribunal de apelação ordenou um novo julgamento.
Este segundo julgamento levou à anulação do caso por uma corte egípcia em 2014. Mas a procuradoria apelou da decisão e ordenou mais uma revisão na mais alta corte de apelação do país.
O novo julgamento começou nesta quinta-feira, quando o juiz leu as acusações a Mubarak. Ele e seu ministro do Interior foram acusados de providenciar veículos e armas usados para atacar os ativistas e de não adotar ações para evitar mortes.
Sentado em uma cadeira de rodas dentro da jaula dos réus, e sem seus óculos escuros característicos, Mubarak respondeu: "Isso não aconteceu".
Há tempos Mubarak vem afirmando sua inocência no caso, e disse que a história irá julgá-lo um patriota que serviu a seu país abnegadamente. Ele acenou para apoiadores entre os jornalistas e outros presentes no tribunal.
Do lado de fora, um pequeno grupo de apoiadores de Mubarak se reuniu e exibiu pôsteres do ex-presidente, exigindo que ele seja solto e honrado por seu serviço.
Centenas de pessoas morreram quando as forças de segurança se chocaram com os manifestantes semanas antes de Mubarak ser forçado a deixar o poder.
Muitos egípcios que viveram durante o governo Mubarak o veem como um período de autocracia e capitalismo de compadrio.
Sua queda propiciou a primeira eleição livre do Egito, mas o presidente islâmico Mohamed Mursi foi deposto depois de um ano pelo então comandante do Exército, Abdel Fattah al-Sisi, que posteriormente venceu uma eleição presidencial em 2014.