Fogo é visto em hospital da Médicos Sem Fronteiras: presidenta não confia em um "inquérito militar interno” e exigiu a criação de uma comissão internacional humanitária para investigar o caso (REUTERS/Medecins Sans Frontieres/Handout)
Da Redação
Publicado em 7 de outubro de 2015 às 08h19.
A presidenta da organização Médicos sem Fronteiras (MSF), Joanne Liu, exigiu hoje (7) a criação de uma comissão de inquérito internacional para investigar o bombardeio norte-americano ao hospital de Kunduz, no Norte do Afeganistão, afirmando que o ataque foi contra a Convenção de Genebra.
“Esse não foi somente um ataque ao nosso hospital, foi um ataque à Convenção de Genebra. Isso não pode ser tolerado”, disse Joanne Liu em entrevista.
Ela afirmou que não confia em um "inquérito militar interno” e exigiu a criação de uma comissão internacional humanitária para investigar o caso, um dispositivo previsto pela Convenção de Genebra que estabelece as regras do direito humanitário nas guerras.
O bombardeio do hospital de Kunduz, administrado pelos Médicos sem Fronteiras, na madrugada de sábado (3), deixou 22 mortos, incluindo três crianças.
Nessa terça-feira (6), o general John Campbell, chefe da missão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Afeganistão, afirmou que o hospital foi bombardeado “por erro”, em um ataque decidido pelo comando norte-americano.
Ele falou na Comissão das Forças Armadas do Senado dos Estados Unidos. "Nunca atingiríamos deliberadamente instalações médicas”, acrescentou.
Na segunda-feira (4), em entrevista em Washington, John Campbell informou que o bombardeio foi pedido pelas autoridades afegãs, o que foi criticado pela organização médica, que acusou os Estados Unidos “de tentar passar a responsabilidade para o governo afegão”.
O general explicou que as forças norte-americanas apoiavam as tropas afegãs envolvidas em confrontos com os talibãs em Kunduz.
O incidente com o hospital de Kunduz ocorreu dias depois de a cidade ter sido tomada pelos talibãs, considerada a mais importante vitória dos insurgentes desde que foram afastados do poder em 2001.
O Exército afegão recuperou a cidade dias mais tarde, mas os confrontos prosseguiram entre as duas partes, que controlam diferentes bairros.