Hamilton Mourão: vice entrou na mira de ala do governo mais alinhada com o escritor Olavo de Carvalho (Adnilton Farias/Agência Brasil)
EFE
Publicado em 2 de abril de 2019 às 15h49.
Rio de Janeiro — O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, espera que o novo ciclo de modernização e renovação dos equipamentos das Forças Armadas Brasileiras promovidas pelo presidente Jair Bolsonaro possam contribuir para a recuperação econômica do país.
Mourão, que ocupa interinamente a presidência enquanto Bolsonaro faz visita oficial a Israel, estava acompanhado do ministro de Defesa, Fernando Azevedo e Silva, durante a cerimônia de abertura da 12ª edição da Exposição Latino-Americana de Espaço e Defesa (LAAD), a maior feira do setor na região, no Rio de Janeiro.
Em discurso para 195 delegações provenientes de 80 países do mundo, incluindo vários ministros de Defesa, os dois destacaram a importância dessa indústria para o Brasil e ressaltaram o fato de ela corresponder a 4% do Produto Interno Bruto (PIB).
Para Mourão, as negociações que serão realizadas ao longo da LAAD, que vai até sexta-feira, são uma "excepcional oportunidade" para a expansão de muitos setores da indústria nacional de defesa.
O vice-presidente também aproveitou o discurso para defender um novo ciclo de modernização das Forças Armadas.
"As nações que querem garantir segurança e soberania enfrentam o desafio de compatibilizar seus orçamentos para obter os meios necessários para conseguir tais objetivos, tanto dentro como fora do país, se quiserem projetar seu poder", afirmou Mourão.
Já Azevedo e Silva destacou que o setor, que movimenta R$ 200 bilhões anualmente, é essencial não só para manter a soberania do país, mas também para incentivar a economia brasileira.
O ministro ainda citou que a indústria de defesa gera cerca de 60 mil empregos diretos e 240 mil indiretos no Brasil.
"Enquanto mais metas ousadas possam ser atingidas pela indústria da defesa, mais o setor pode contribuir para recuperar o crescimento do país", afirmou Azevedo e Silva.
Os dois generais do Exército elencaram os projetos do governo para o setor, citando que o Brasil está comprometido com a construção de cinco submarinos, um deles com propulsão nuclear.
O governo oficializou hoje a construção de cinco corvetas, um projeto que será tocado pelo consórcio integrado pela alemã Thyssenkrupp Marine System e pelas brasileiras Embraer e Atech.
Mourão classificou a assinatura do convênio entre a Marinha e o consórcio "Águas Azuis" como "extremamente relevante" para o país.
Além disso, Azevedo e Silva enumerou projetos desenvolvidos pelo Exército, como os planos para lançar novas gerações do veículo militar Guarani e a implantação de um Sistema de Defesa das Fronteiras com radares, satélites e sensores da última geração.
No setor aéreo, o ministro destacou a associação da Força Aérea com a Embraer para desenvolver o cargueiro militar KC-390 e para construir no Brasil os 12 caças de combate da sueca Saab.
Azevedo e Silva disse que o acordo de salvaguardas tecnológicas que Bolsonaro assinou na visita aos Estados Unidos permitirá a plena utilização da Base de Alcântara por empresas de vários países.
O diretor da LAAD, Sergio Jardim, afirmou que manter as forças armadas modernas, equipadas e bem remuneradas, como Bolsonaro propõe, é essencial para a soberania do país, assim como também é contar com uma indústria de defesa capacitada.
"Nossa expectativa é que, com o novo governo, as Forças Armadas possam iniciar um ciclo virtuoso de modernização e renovação dos equipamentos", afirmou Jardim.
Mais de 450 expositores participam da LAAD, que vai até sexta-feira no Rio de Janeiro. Além de empresas brasileiras, como Embraer, Helibras, Avibras, Imbel e Condor, grandes multinacionais, como Lockheed Martin, Boeing, Airbus e Saab estão no evento.
Os organizadores esperam reunir mais de 38 mil profissionais do setor ao longo dos quatro dias de evento.