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Motoristas de Délhi respeitam norma e deixam carro em casa

Em uma cidade onde os motoristas sempre passam no sinal vermelho e dirigem na contramão, milhões de habitantes de Délhi estão ajudando a reduzir a poluição


	Nova Délhi: muitos duvidavam da viabilidade do plano de cortar pela metade o número de carros na capital da Índia
 (Meredith Shaw/Flickr)

Nova Délhi: muitos duvidavam da viabilidade do plano de cortar pela metade o número de carros na capital da Índia (Meredith Shaw/Flickr)

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Da Redação

Publicado em 12 de janeiro de 2016 às 20h19.

Em uma cidade onde os motoristas sempre passam no sinal vermelho e dirigem na contramão, muitos duvidavam da viabilidade do plano de Arvind Kejriwal, ministro-chefe de Délhi, para cortar pela metade o número de carros na capital da Índia com o objetivo de reduzir a poluição do ar.

Contudo, a poucos dias do fim do período de testes da campanha, os 17 milhões de habitantes da cidade já vêm cumprindo a maior parte das regras.

Embora não haja pesquisas confiáveis disponíveis, o cumprimento generalizado gerou pedidos pela adoção de políticas semelhantes em outras partes da Índia e parece ter despertado o senso de dever cívico. No fim das contas, a aposta de Kejriwal parece estar compensando.

“Pela primeira vez toda a comunidade está falando sobre poluição”, disse Shiv Visvanathan, vice-reitor da Faculdade Jindal de Governo e Políticas Públicas, nos arredores de Délhi.

“Os pobres, os ricos e a classe média têm participado”.

Isso não significa que a medida tenha provocado um efeito drástico sobre a qualidade do ar - o objetivo anunciado do experimento de 15 dias para restringir o número de carros se baseou nos números pares e ímpares das placas dos automóveis.

As leituras da Embaixada dos EUA mostraram nesta terça-feira que o ar estava em níveis “perigosos”, o que significa que “todos deveriam evitar qualquer atividade física ao ar livre”.

No entanto, o simples fato de a cidade não ter mergulhado no caos gera um impulso para Kejriwal, que entrou na política como ativista anticorrupção em 2012. De fato, os trajetos mais rápidos de casa ao trabalho podem ter convencido até mesmo alguns moradores mais céticos.

Os partidos de oposição mais tradicionais, como o Congresso, enfrentam dificuldades para se reagruparem após uma derrota histórica na eleição nacional, em 2014.

Assim, Kejriwal, 47, surge como uma das mais ousadas alternativas da Índia ao primeiro-ministro Narendra Modi apesar da presença minúscula de seu partido no Parlamento.

“Ele obviamente está tentando se superar”, disse o escritor Ajoy Bose, de Délhi, comentarista que participa com frequência dos talk shows noturnos, sobre Kejriwal. “Ele se conecta com as pessoas e parece ter muita coragem para fazer frente a Modi”.

Contudo, disse Bose, o primeiro-ministro não precisa se preocupar demais por enquanto.

O partido de Kejriwal, o Aam Aadmi, criado há três anos, conta com apenas quatro deputados na chamada câmara baixa do parlamento federal, formada por 545 membros, e pouca presença no vasto interior da Índia.

“É cedo demais para especular sobre um cargo nacional para ele”, disse Bose. “Ele não tem uma rede nacional”.

Isso não impediu Kejriwal de tentar. Na última eleição nacional, o partido dele apresentou candidatos em quase todos os estados da Índia e o próprio Kejriwal desafiou diretamente a Modi em um distrito eleitoral em Uttar Pradesh. Ele acabou derrotado juntamente com seu partido.

Kejriwal contra-atacou no ano passado nas eleições estaduais de Délhi, liderando seu partido na conquista de 67 das 70 cadeiras e contendo o impulso de Modi. As pesquisas de opinião tinham previsto uma disputa acirrada.

‘Abordagem classista’

A mudança em relação aos carros foi mais voltada à classe média, que tende a apoiar Modi, e não aos eleitores pobres que formam o grosso da base de Kejriwal. Isso se refletiu em uma série de exceções, incluindo motos e scooters.

O jornal Times of India criticou Kejriwal por adotar uma “abordagem classista” ao tentar “atormentar os donos de carros de classe média”.

Outros veículos de comunicação elogiaram Kejriwal por fazer algo, mesmo que o resultado não provoque muitos efeitos sobre a poluição.

“O governo de Délhi merece ser elogiado por ter feito um esforço sincero para conter a poluição veicular”, disse o Business Standard.

Na segunda-feira, um tribunal de Délhi disse que o programa poderia continuar conforme o planejado após receber queixas de moradores que sofreram com a política. Kejriwal disse que avaliará a política baseada nas placas par-ímpar depois de 15 de janeiro para decidir se ela será estendida.

Nishikanta Mohapatra, porta-voz do Aam Aadmi, disse que o programa “nos ajudará a consolidar nossa posição a longo prazo”.

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