O biólogo venezuelano Franklin Brito, que protestava em greve de fome contra a expropiação de terras pelo governo Chávez (Arquivo/AFP)
Da Redação
Publicado em 31 de agosto de 2010 às 15h08.
Caracas - A morte do agricultor Franklin Brito, que estava em greve de fome há meses para protestar contra a política de expropriação de terras - da qual ele mesmo foi vítima -, provocou críticas nesta terça-feira contra o silêncio do governo do presidente Hugo Chávez.
Depois de seis anos de protestos para recuperar a plena propriedade de suas terras e oito greves de fome, o agricultor de 49 anos faleceu na segunda-feira no hospital militar de Caracas, onde estava internado - contra sua vontade, segundo sua família.
"Estamos vivendo em um país cuja sociedade está doente, onde a ausência de diálogo e entendimento leva os mais vulneráveis a tomar decisões tão drásticas como a de um pai disposto a morrer por seus direitos e em defesa de um direito consagrado na Constituição Nacional: a propriedade privada", escreveu o partido Primeiro Justiça, o maior da oposição, em um comunicado à imprensa.
Para Andrea Tabares, dirigente do partido Pátria para Todos (PPT), não houve uma resposta por parte do governo que pudesse ter impedido sua morte. "É um dia triste para a democracia, para nosso país. Mais uma vez é necessário o compromisso para continuar lutando e evitar que o país continue indo ralo abaixo", lamentou.
Em 2005, o governo tomou posse das terras de Brito, localizadas no estado de Bolívar, no sul; o agricultor iniciou seus protestos no mesmo ano. No fim de 2009, o executivo venezuelano revogou a ordem de intervenção da propriedade e reafirmou a posse de Brito sobre suas terras.
O agricultor, no entanto, reagiu semanas depois, exigindo que o Instituto Nacional de Terras (Inti) lhe entregasse uma carta anulando a expropriação e uma indenização. Naquele momento, Brito responsabilizou Chávez por seu destino.
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