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Morte de menino palestino-americano por soldados israelenses gera pedido de investigação dos EUA

Amer Rabee, de 14 anos, foi morto na cidade de Turmus Aya, na Cisjordânia, enquanto colhia amêndoas com os amigos

Morte de Amer Rabee: adolescente palestino-americano é morto por soldados israelenses na Cisjordânia, gerando protestos nos EUA (Bashar TALEB/AFP)

Morte de Amer Rabee: adolescente palestino-americano é morto por soldados israelenses na Cisjordânia, gerando protestos nos EUA (Bashar TALEB/AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 9 de abril de 2025 às 15h27.

Última atualização em 9 de abril de 2025 às 16h30.

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Membros da comunidade palestina de Nova Jersey, nos Estados Unidos, reuniram-se nesta terça-feira para protestar contra a recente morte de um adolescente palestino-americano por soldados israelenses na Cisjordânia. Amer Rabee, de 14 anos, foi morto na cidade de Turmus Aya, no último domingo, segundo sua família. Outros dois adolescentes palestino-americanos, que estavam com Amer, também foram baleados pelos soldados, mas não morreram.

Em uma coletiva de imprensa nesta terça, líderes comunitários se posicionaram em um pequeno púlpito de madeira no Centro Comunitário Palestino-Americano, para condenar a morte de Amer e pedir ao governo dos EUA que investigue o tiroteio. Eles estavam acompanhados de Rami Jbara, tio de Amer, e o pai de Amer, Mohammed Rabee, participou remotamente direto da Cisjordânia.
"Não podemos permitir que esse crime horrível seja varrido para debaixo do tapete. Nossas histórias são constantemente ignoradas. Nosso povo é constantemente desumanizado. Nossas mortes são repetidamente ignoradas", afirmou Rania Mustafa, diretora executiva do centro.

Repercussão internacional e a situação em Gaza

A indignação com a morte de Amer ocorre semanas após Israel ter lançado uma série de ataques contra a Faixa de Gaza, rompendo um acordo de cessar-fogo em sua guerra contra o Hamas. Pouco mais de 900 palestinos foram mortos por soldados ou colonos israelenses na Cisjordânia desde 7 de outubro de 2023, segundo a ONU. Aproximadamente 30 israelenses foram mortos na Cisjordânia durante o mesmo período.[

Amer, que nasceu originalmente em Saddle Brook, em Nova Jersey, mudou-se com sua família para a Cisjordânia em 2013. A família disse que, desde então, dividia seu tempo entre a Cisjordânia e Nova Jersey.

Resposta das Forças de Defesa de Israel

Questionadas na terça-feira sobre a morte de Amer, as Forças de Defesa de Israel (FDI, na sigla em inglês) não reconheceram o nome do menino. As FDI enviaram um vídeo em preto e branco, afirmando que a gravação mostrava Amer e os outros dois adolescentes jogando pedras.

“Durante uma atividade antiterrorismo na área de Turmus Aya, soldados das Forças de Defesa de Israel identificaram três terroristas que atiraram pedras em direção à rodovia, colocando em risco civis que passavam”, disse um porta-voz das FDI em comunicado. “Os soldados abriram fogo contra os terroristas que ameaçavam os civis, eliminando um terrorista e ferindo outros dois terroristas.”

Rabee disse ter visto o vídeo, mas afirmou que não tem certeza se Amer era um dos três jovens.
"Mesmo que fosse, Amer não merecia morrer", afirmou.

A família de Amer e os eventos do dia da morte

Durante a coletiva de imprensa, Rabee, de 49 anos, relatou os acontecimentos que cercaram a morte de seu filho. Ele disse que estava em casa tirando um cochilo no domingo, quando Amer saiu para colher amêndoas. Rabee disse que acordou mais tarde com um telefonema no qual soube que seu filho havia sido ferido.

Segundo o comunicado do centro comunitário, imagens de vigilância mostram que os soldados dispararam 47 tiros contra os três garotos enquanto colhiam amêndoas.
O pai do menino ainda contou ter ligado para a Embaixada dos EUA em Jerusalém, buscando ajuda médica, mas o auxílio não chegou a tempo. Uma hora depois, recebeu a notícia de que seu filho havia morrido e que o corpo tinha sido levado para um acampamento militar israelense. Foi lá, várias horas depois, que ele encontrou o corpo do filho dentro de um saco.
Ayoub Ijbara, um dos adolescentes que estavam com Amer no domingo, foi baleado três vezes, mas conseguiu fugir e buscar ajuda, segundo um comunicado do centro comunitário. Ayoub, de 15 anos, passou por uma cirurgia de seis horas na segunda-feira e está programado para realizar outro procedimento na quarta-feira.

"Amer foi atingido no peito e caiu para trás no chão", afirmou o comunicado. “Os outros dois meninos foram ajudá-lo, mas foram tantos disparos que tiveram que recuar.”

Reações políticas nos EUA

A deputada Bonnie Watson Coleman, de Nova Jersey, chamou a morte de Amer de uma “atrocidade” em uma postagem na plataforma social X, na segunda-feira.

O governador do estado, Phil Murphy, exigiu que o governo israelense fornecesse esclarecimentos sobre por que Amer havia sido morto, lamentando a “trágica perda de vida”.
"Essa terra é chamada de terra sagrada. Deveria haver paz nessa terra, não guerra", concluiu Rabee.

Esta reportagem foi produzida pelo New York Times e disponibilizada para a EXAME pela Agência O Globo

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