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Morte de general amplia lista de atentados atribuídos à Ucrânia dentro da Rússia; veja outros casos

Explosões, atentados a tiros, condenações a penas longas e muita desinformação dos dois lados marcam uma 'rotina' perigosa para os defensores da guerra

Agência o Globo
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Publicado em 18 de dezembro de 2024 às 07h45.

Última atualização em 18 de dezembro de 2024 às 07h46.

O atentado que matou o general Igor Kirillov, chefe da divisão de forças de defesa de armas químicas, radioativas e biológicas da Rússia, além de um assistente, Ilya Polikarpov, é considerado um dos mais contundentes golpes contra a liderança militar russa desde o início da invasão da Ucrânia. E embora Kiev não tenha assumido a autoria, a investigação aponta que supostos agentes ucranianos, em solo russo, mataram o oficial em uma ação que envolveu 300 gramas de explosivos e um patinete elétrico.

O ataque não foi o primeiro e talvez não seja o único contra aliados do Kremlin desde fevereiro de 2022. Nestes quase três anos, cientistas, blogueiros, políticos e influenciadores foram mortos, em ações que levaram vários supostos autores à cadeia, mas não eliminaram o medo crescente em determinados círculos políticos russos.

Veja alguns dos atentados atribuídos à Ucrânia.

Darya Dugina

A primeira vítima de atentados atribuídos aos ucranianos provavelmente não era o alvo de fato do ataque. Darya Dugina, apresentadora de TV e personalidade da internet, era filha de Alexander Dugin, um filósofo que tem grande influência nos corredores do Kremlin, e era fervoroso defensor da anexação de parte da Ucrânia. Os dois — Darya e Alexander — participaram de um festival nos arredores de Moscou, em agosto de 2022, e deveriam voltar para casa no mesmo carro, mas o filósofo decidiu, na última hora, viajar em outro veículo.

Segundo a polícia, um explosivo debaixo do carro foi detonado em uma rodovia, matando Darya no local — Dugin não se feriu, e uma imagem dele olhando para os destroços do carro foi amplamente divulgada pela imprensa russa. Kiev negou qualquer responsabilidade, mas dois cidadãos ucranianos foram acusados pelo ataque. Ambos, de acordo com a Justiça russa, deixaram o país um dia antes da explosão.

Vladlen Tatarsky

Proeminente blogueiro militar, Vladlen Tatarsky, ou Maxim Fomin, seu nome verdadeiro, daria uma palestra em um café de São Petersburgo, cujo dono anterior era o chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prigojin (morto em um suspeito acidente de avião), em abril de 2023. Mas ele sequer começou a falar: uma explosão o matou quase instantaneamente, e deixou 24 pessoas feridas na plateia. Segundo os investigadores, antes do início do evento, uma jovem, identificada como Daria Trepova, lhe entregou uma caixa com o que disse acreditar ser um microfone — na verdade, havia explosivos disfarçados em uma escultura. Trepova, que negou ter conhecimento prévio sobre o ataque, foi condenada a 27 anos de prisão. Sem assumir a culpa, Kiev declarou que era o resultado de “disputas internas” na Rússia.

Illya Kyva

Ex-deputado ucraniano que defendia a rendição imediata de Kiev, Ilya Kyva fugiu para a Rússia pouco depois da invasão, e passou a ser figura recorrente em programas da TV estatal russa, jamais com palavras amenas sobre o governo ucraniano. Anos antes, em 2019, havia lutado com os rebeldes pró-Moscou no Leste da Ucrânia, um feito que ajudou em sua condenação, à revelia, por traição pela Justiça de seu país. Em dezembro de 2023, ele caminhava em um parque próximo ao hotel onde estava hospedado, nos arredores de Moscou, quando foi baleado na cabeça e morreu no local. Um porta-voz da do serviço de inteligência militar da Ucrânia afirmou que “o mesmo destino cairia sobre os outros traidores” do país.

Mikhail Shatsky

Um dos especialistas responsáveis pelo desenvolvimento e modernização dos mísseis de cruzeiro russos Kh-59 e Kh-69, usados amplamente no conflito da Ucrânia, caminhava em uma floresta a cerca de 13 km do Kremlin quando foi morto a tiros, no dia 13 de dezembro. Pouco depois do assassinato, fotos do corpo começaram a circular em canais pró-Ucrânia no Telegram, e uma fonte militar ucraniana deu uma declaração um tanto quanto contundente ao jornal Kyiv Independent:

"Qualquer pessoa envolvida no desenvolvimento do complexo militar-industrial russo e que apoie a agressão russa na Ucrânia de uma forma ou de outra é um alvo legítimo das Forças de Defesa (ucranianas)", afirmou a fonte.

O sobrevivente: Zakhar Prilepin

Em maio de 2023, o escritor nacionalista e apoiador da invasão na Ucrânia Zakhar Prilepin estava no banco do carona em carro em uma estrada na região de Nijni Novgorod quando um explosivo instalado no veículo foi detonado. O motorista morreu, e Prilepin, que também havia tentado se eleger para o Parlamento, sofreu ferimentos graves, mas se recuperou. Um cidadão ucraniano, Alexander Permyakov, foi considerado culpado pelo atentado e sentenciado à prisão perpétua, e os promotores afirmaram que ele agiu a mando de Kiev, que jamais assumiu responsabilidade Um grupo formado por ucranianos e tártaros da Crimeia afirmou ter sido o responsável, mas sem apresentar provas.

"Vocês não vão intimidar ninguém", escreveu Prilepin no Telegram, pouco depois do ataque. "Obrigado a todos que oraram, porque deveria ter sido impossível sobreviver a uma explosão dessas".

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