Manifestantes durante protesto contra o governo de Nicolás Maduro na praça Altamira, em Caracas, na Venezuela (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
Da Redação
Publicado em 29 de março de 2014 às 14h29.
Caracas - Um estudante universitário morreu neste sábado em Maracaibo, capital do estado de Zulia, na Venezuela, o que elevou para 38 o número de mortos nos protestos contra o presidente do país, Nicolás Maduro, que tem ocorrido desde 12 de fevereiro.
O Corpo de Polícia Bolivariana do Estado Zulia (CPBEZ) atribuiu a morte de Roberto Annese, de 33 anos, a uma bomba que o jovem supostamente manipulava quando participava de uma "guarimba" (barricada) em uma avenida do norte da cidade.
"Refere-se o comandante do CPBEZ à morte de uma pessoa por explosão de uma bomba. A justiça deve atuar com prontidão e verdade. O povo zuliano quer viver em paz e tranquilidade. Detenhamos a violência por Deus!", escreveu em sua conta no Twitter o governador de Zulia, Francisco Arias Cárdenas, aliado de Maduro.
A prefeita de Maracaibo, Eveling Trejo, líder regional opositora a Maduro, confirmou previamente a morte de Annese, mas sem respaldar a versão oficial nem a de meios de comunicação locais, que denunciaram que a vítima foi atingida por disparos da polícia.
"Não queremos chorar mais pelo sangue derramado dos filhos da Venezuela. Justiça. Todo nosso apoio para os familiares do jovem Roberto Annese. Até quando o país se encherá do sangue de nossos rapazes? Basta já", escreveu a prefeita.
Segundo a versão digital do jornal "La Verdad de Maracaibo", Annese, estudante de ciências políticas, supostamente morreu ao ser atingido por balas disparadas por agentes do CPBEZ, que pouco antes do amanhecer chegaram ao lugar para retirar a barricada.
"Corpos policiais teriam disparado contra o jovem e outros companheiros que estavam em uma barricada", disse o jornal com base em depoimentos de testemunhas.
A vítima "foi atingida no peito enquanto defendia uma barricada situada ao norte de Maracaibo", segundo a publicação.
A procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega, informou na sexta-feira que 37 pessoas tinha morrido no país desde o início dos protestos, sendo "29 civis e oito funcionários policiais militares".
A procuradora afirmou ainda que o número de feridos chegava a 559 (379 civis e 180 agentes policiais) e o de detidos de 168, entre eles 17 funcionários das forças de segurança do Estado e três beneficiados com medidas cautelares substitutivas à prisão preventiva.
Após um mês e meio de manifestações, que em alguns casos terminaram em violência, a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) começou nesta semana a incentivar um diálogo entre governo e oposição. Em abril, Maduro completará seu primeiro ano de gestão.
Ontem à noite, o presidente apoiou o nome do secretário de Estado do Vaticano e ex-bispo da Venezuela, Pietro Parolín, para liderar o diálogo no país, mas reiterou sua convicção de que a oposição não deseja conversar, e sim perpetrar um golpe.