O terrorista egípcio Ayman al-Zawahiri, número 2 da da Al Qaeda, pode substtuir Bin Laden (AFP)
Da Redação
Publicado em 2 de maio de 2011 às 18h14.
Dubai - A rede Al Qaeda, que já estava enfraquecida e sem o controle direto dos grupos que se consideram parte da organização, deve passar por uma crise de sucessão com a morte de Osama bin Laden, estimam analistas.
Bin Laden foi morto durante uma operação militar americana na madrugada de segunda-feira. Para Mohamad Abu Ruman, jordaniano especialista em movimentos islâmicos, "Osama bin Laden representava um símbolo. Com a sua morte, Al Qaeda viverá uma crise de sucessão, já que nenhuma outra pessoa da rede tem o carisma de Bin Laden.
O especialista destaca que o "número dois" da rede, o egípcio Ayman al Zawahiri, "não é uma unanimidade" entre os membros.
Braço direito e um dos fundadores da Al Qaeda, o médico egípcio de 60 anos foi um dos pilares do grupo da "Jihad Islâmica" egípcia antes de conhecer Bin Laden no Afeganistão.
Ayman al Zawahiri trouxe muitos ativistas e um grande senso de organização. Por sua captura foram oferecidos 25 milhões de dólares, o mesmo que pagariam por Osama bin Laden.
Abu Ruman considera que a rede fundada por Bin Laden em 1988 tem perdido força nos últimos anos e com a morte do líder deve se desgastar ainda mais.
"Al Qaeda tem perdido força e popularidade nos últimos anos", especialmente depois das revoltas árabes lideradas pelos "jovens no Facebook que não estão influenciados pelas ideias da Al Qaeda", explica.
Além disso, a Al Qaeda tornou-se "uma rede de estrutura piramidal com uma infinidade de agências cujas ligações com Bin Laden já não eram mais de de caráter organizacional". Segundo ele, o fundador se limitava ao papel de guia espriritual.
Anuar Eshki, diretor do Instituto de Estudos Estratégicos para o Oriente Médio, com sede em Jeddah (Árabia Saudita), também considera que a organização Al Qaeda passará por uma crise de sucessão.
"É difícil encontrar alguém que substitua Bin Laden. Os sauditas da organização jamais seguiriam ordens de Zawahiri", explica o analista.
Após os golpes que a rede sofreu das autoridades sauditas, os grupos do Iêmen e da Árabia Saudita se uniram em janeiro de 2009 para formar a Al Qaeda na Península Arábica, bem estabelecidos no sul e no leste do Iêmen.
Ele estima que a Árabia Saudita terá dias tranquilos já que a morte do Bin Laden indica um fim próximo do terrorismo da Al Qaeda.
As atividades do grupo vão enfraquecer no Iêmen e na Somália", diz o analista que afirma ter connhecido pessoalmente Bin Laden.
Segundo ele, as "células latentes" estabelecidas por Bin Laden na região "perderam suas fontes de financiamento".
Hasan Abu Hanieh, analista especializado nos movimentos jihandistas com sede em Amã, considera que a morte de Bin Laden "terá um impacto simbólico sobre todos os grupos que se consideram parte da organização, uma vez que eram controlados, não diretamente, por ele desde o 11 de setembro de 2001"
Estes grupos que vivem em todo o mundo muçulmano, desde o Cáucaso até o Magrebe, juraram lealdade a Bin Laden. No entanto, ele era uma espécie de líder religioso", e não um chefe militar ou político, acrescentou.
As aparições do chefe da Al Qaeda, procurado de maneira insistente pelos Estados Unidos foram raras nos últimos dois anos.
Por outro lado, o analista alerta que a rede poderia aproveitar os acontecimentos na Líbia, Iêmen e Síria e partir do zero, abrangendo desta vez as "revindicações populares".