Protesto pela vida de Alfie Evans: bebê com doença degenerativa morreu neste sábado (Kacper Pempel/Reuters)
AFP
Publicado em 28 de abril de 2018 às 11h58.
Última atualização em 28 de abril de 2018 às 12h02.
O bebê britânico Alfie Evans, que estava em estado terminal, faleceu neste sábado (28) após uma longa batalha judicial de seus pais para conseguir, em vão, prolongar seu tratamento contra a opinião dos médicos, um caso que mobilizou até o Vaticano.
"Nosso pequeno criou asas esta noite às 02H30. Estamos com o coração partido. Obrigado a todos pelo apoio", escreveram no Facebook Kate James e Thomas Evans, os pais da criança de 23 meses.
Na quarta-feira, a Justiça britânica negou um recurso para transferir o bebê à Itália para continuar um tratamento.
O juiz Andrew McFarlane, da Alta Corte de Londres, determinou que as apelações apresentadas separadamente pelo pai e pela mãe do bebê "deveriam ser rechaçadas".
Com o apoio do papa Francisco e do governo italiano, o objetivo dos pais de Alfie era que lhes permitissem levar à Itália seu filho em estado semivegetativo, depois que os médicos britânicos decidiram interromper o tratamento que aplicavam nele.
Com a permissão da Justiça, o Hospital Alder Hey de Liverpool desconectou, na segunda-feira, o menino do suporte vital, pois os médicos consideraram que não havia esperanças de recuperação, e mantê-lo vivo seria prolongar seu sofrimento.
Alfie sofria de uma rara doença neurológica degenerativa e estava hospitalizado desde dezembro de 2016.
A Alta Corte de Justiça britânica, a Corte de Apelação, a Suprema Corte e o Tribunal Europeu de Direitos Humanos já haviam negado o pedido dos pais.
Após a retirada do suporte vital, o menino seguiu vivo, o que, segundo o pai, provava que o seu estado de saúde "era significativamente melhor". O que fez com que continuassem em sua batalha legal.
O caso de Alfie atraiu o interesse de todo o mundo, especialmente na Polônia e na Itália, cujo governo concedeu na segunda a nacionalidade italiana a Alfie com a esperança de facilitar sua transferência ao hospital pediátrico Bambino Gesù de Roma.
O caso também provocou muitas reações, especialmente nos círculos religiosos. O próprio papa Francisco se envolveu pessoalmente. Fez vários telefonemas pedindo que o bebê fosse mantido vivo e recebeu Tom Evans em uma audiência privada.
"Comovido pelas orações e pela ampla solidariedade em favor do pequeno Alfie Evans, renovo meu apelo para que o sofrimento de seus pais seja ouvido e seu desejo de experimentar novas possibilidades de tratamento seja cumprido", tuítou o pontífice na segunda-feira.
"Queremos expressar nossa sincera simpatia e nossas condolências à família de Alfie", reagiu em um comunicado o hospital Alder Hey, em frente ao qual muitas pessoas se reuniram nos últimos dias em apoio aos pais.
"Tem sido uma jornada devastadora para eles e pedimos que sua privacidade seja respeitada".
Além do aspecto médico, o caso de Alfie levantou questões éticas difíceis, como aconteceu com casos anteriores, como o de Charlie Gard, nascido em agosto de 2016 e que sofria de uma doença genética rara.
Ele faleceu em julho de 2017, depois que os médicos retiraram a respiração assistida e após cinco meses de batalha legal dos pais para levá-lo aos Estados Unidos para um tratamento experimental.