Protesto de curdos contra passividade da UE diante do Estado Islâmico (Yves Herman/Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de outubro de 2014 às 09h39.
Istambul - Quatorze pessoas morreram na noite de terça-feira na Turquia durante os protestos de manifestantes curdos contra o assédio jihadista à cidade curdo-síria de Kobane, informa a imprensa local nesta quarta-feira.
Embora não existam números oficiais, a agência "Anadolu" fixa momentaneamente o número em 12 vítimas, sendo oito delas na cidade de Diyarbakir, enquanto vários jornais falam em até 14 mortos.
Salvo um jovem que morreu na terça-feira na província de Mus devido à explosão de um botijão de gás, as mortes são consequência de confrontos de rua entre ativistas curdos de esquerda e militantes islamitas.
Os primeiros são simpatizantes da guerrilha do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), enquanto os outros se identificam como seguidores da organização Hizbullah (sem relação com o partido libanês de mesmo nome), afirma o jornal "Hürriyet".
Essa organização, que na década de 1990 cometeu atos terroristas contra simpatizantes do PKK, supostamente com o apoio dos serviços secretos turcos, foi refundada em 2012 como partido com o nome de Hüda-Par.
O motivo dos protestos, que começaram na noite da segunda-feira, é a recusa do governo turco de socorrer a cidade sírio-curda de Kobane, assediada pelo grupo jihadista Estado Islâmico, ou de abrir sua fronteira para permitir que chegue ajuda.
A maioria das vítimas dos protestos morreram em tiroteios de rua e há dezenas de pessoas gravemente feridas internadas nos hospitais.
Houve oito mortos em Diyarbakir, a "capital" curda da Turquia, dois em Siirt, um em Batman e dois em Mardin, fora o jovem que morreu em Mus, segundo o "Hürriyet".
Em várias cidades da Turquia, incluídas Ancara, Istambul e Esmirna, houve protestos de grande tamanho, nas quais se levantaram barricadas e incendiaram ônibus. A Polícia interveio com o uso de gás lacrimogêneo e jatos d"água contra ativistas que lançavam paralelepípedos.
Em Diyarbakir "nenhuma das mortes se deve à atuação das forças de segurança", garantiu à agência "Anadolu" o ministro da Agricultura, Mehdi Eker.
Nesta cidade, as autoridades proibiram a saída à rua até o amanhecer da quinta-feira, enquanto em vários municípios de outras cinco províncias, o toque de recolher é "até que seja dada uma nova ordem".