Josef Wesolowski, ex-núncio do Vaticano na República Dominicana: era acusado de cinco crimes, entre eles acessar pornografia na internet, e foi o primeiro religioso acusado de pedofilia (Luis Gomez/Diario Libre/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de agosto de 2015 às 10h53.
Cidade do Vaticano - Morreu o ex-núncio da República Dominicana, o polonês Jozef Wesolowski, que era julgado no Tribunal Vaticano acusado de pedofilia, confirmaram fontes vaticanas nesta sexta-feira.
O comunicado do Vaticano informou que o ex-núncio, de 67 anos, foi encontrado sem vida no quarto em que vivia e especificou que as autoridades vaticanas certificaram que a morte aconteceu por "causas naturais".
O promotor de justiça ordenou que seja realizada hoje mesmo uma autópsia, cujos resultados serão comunicados o mais rápido possível, acrescentou a nota.
O papa Francisco foi imediatamente informado da morte, acrescentou o Vaticano.
Em entrevista à imprensa, o vice-diretor da sala de imprensa do Vaticano, Ciro Benedittini, explicou que o ex-diplomata do Vaticano foi encontrado morto às cinco da madrugada (2h em Brasília), sentado diante da televisão ligada, por um franciscano que vive no Colégio dos Penitenciários, onde aguardava o julgamento.
Wesolowski não se apresentou ao julgamento no Vaticano em 11 de julho e alegou que estava internado em um hospital público de Roma.
Seu advogado apresentou um documento que confirmava que tinha sido internado na noite anterior em um hospital romano após ser atendido pelo centro de Urgências do Vaticano, sua hospitalização foi necessária por uma grave queda de pressão.
O ex-núncio era acusado de cinco crimes, entre eles acessar pornografia na internet, posse de material de pedofilia tanto em Roma como durante sua estadia na ilha caribenha, entre 2008 e 2013.
Além disso, de abuso de menores de idade presumível (entre 13 e 16 anos) durante sua estadia na República Dominicana.
O prelado era o primeiro bispo sob detenção no Vaticano, e o primeiro religioso acusado de pedofilia que seria julgado nos tribunais vaticanos.
A primeira audiência durou apenas alguns minutos e foi adiada pela ausência do réu. O tribunal, por decisão papal, era formado por três laicos: o presidente Giuseppe Gadanha Torre e os juízes Antonio Bonnet e Paolo Papanti-Pellettier.
O escândalo explodiu após uma reportagem transmitida em um canal de televisão dominicano que acusava Wesolowski de pagar para ter relações sexuais com menores.
Em 27 de junho de 2014, Wesolowski foi expulso do sacerdócio após um processo canônico e em 22 de setembro foi detido, embora posteriormente foi posto em liberdade e com a obrigação de não abandonar o Vaticano depois de expirar os prazos da detenção preventiva.