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Morre detentor de obras de arte roubadas por nazistas

O colecionador alemão Cornelius Gurlitt, que durante décadas guardou um tesouro com centenas de obras de arte, morreu aos 81 anos

Letreiro na porta da residência de Cornelius Gurlitt: durante décadas, o alemão teve em seu poder peças de Picasso, Chagall e Matisse (AFP)

Letreiro na porta da residência de Cornelius Gurlitt: durante décadas, o alemão teve em seu poder peças de Picasso, Chagall e Matisse (AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2014 às 14h12.

Berlim - O colecionador alemão Cornelius Gurlitt morreu nesta terça-feira aos 81 anos, informaram representantes legais do idoso, que durante décadas guardou em sua casa de Munique um tesouro com centenas de obras de arte, incluindo peças saqueadas pelos nazistas.

Gurlitt morreu poucas semanas depois de ser revelado um acordo feito por seus representantes com o governo alemão e com as autoridades bávaras para a inspeção e a eventual restituição das peças a seus legítimos donos.

A história de Gurlitt foi revelada em fevereiro de 2012, quando veio a público que, durante décadas, o alemão teve em seu poder peças de Picasso, Chagall, Matisse, Beckmann e Nolde, algumas das quais desconhecidas pelo grande público e até por especialistas.

Gurlitt era filho do marchand de arte Hildebrandt Gurlitt, um dos poucos que tiveram autorização do regime nazista para negociar com obras da "arte degenerada" (como os nazistas chamavam a arte moderna), que haviam sido retiradas dos museus alemães.

O colecionador se manteve durante anos em anonimato quase absoluto, vivendo entre Munique e Salzburgo, até que sua coleção foi descoberta durante investigações por possível evasão fiscal.

O caso Gurlitt começou em 22 de setembro de 2010, quando em uma inspeção de rotina em um trem que ia de Munique a Zurique (Suíça) agentes de alfândega encontraram uma grande quantidade de dinheiro com o colecionador.

A descoberta despertou a suspeita de que podia haver um crime fiscal envolvido, por isso foi iniciada uma investigação que levou, dois anos depois, a uma revista na casa de Gurlitt em Munique, onde foram encontradas 1.280 obras de artes.

As autoridades conseguiram manter a descoberta em segredo por mais um ano, quando a história foi revelada por uma publicação da revista "Focus".

Em novembro de 2013, começaram a ser publicadas em uma plataforma da internet as obras das quais havia suspeita de que tinham chegado às mãos do pai de Gurlitt, depois que seus proprietários judeus precisaram vendê-las a preço baixo pela pressão da perseguição do regime nazista.

Em 10 de fevereiro deste ano houve uma segunda descoberta na casa de Gurlitt em Salzburgo, onde foram encontradas 60 obras. 

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