Evo Morales disse em seguida que acabou se tornando o melhor aluno da turma, algo que, em sua opinião, foi fruto do 'sofrimento' que passou pelo castigo de seu pai (Peter Macdiarmid/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 25 de maio de 2012 às 08h42.
La Paz - O presidente boliviano, Evo Morales, revelou nesta quinta-feira que seu pai teve de pagar um cordeiro a seus professores para que o filho pulasse de ano na escola, pois havia perdido um ano pastoreando lhamas como castigo pelas notas ruins obtidas na sexta série.
Em um evento na região de Chuquisaca, o governante boliviano confessou que, em 1970, quanto tinha 11 anos, seu pai o retirou da escola pelas más notas do filho na sexta série e, como castigo, obrigou-o a cuidar de lhamas durante um ano.
"No ano seguinte, meu pai me disse: "Evito, você precisa voltar para a escola". Eu me opus: "Meus companheiros vão estar na oitava série e eu na sétima. Não". Resisti, chorei, "não vou à escola, não sirvo para estudar, só sirvo para as lhamas, então fico com as lhamas". Briguei com meu pai", contou o líder.
No entanto, segundo o relato, numa bela manhã, Morales viu o pai sair de sua comunidade, Isallavi, com um cordeiro nas costas rumo ao povoado de Orinoca, ambas as localidades na região andina de Oruro.
"De tarde, ele volta e diz: "Evito, você vai ficar com seus colegas de qualquer forma". Eu já estava matriculado na oitava série sem ter cursado a sétima. Custou um cordeiro para pular de ano", declarou o atual presidente boliviano, arrancando risos e aplausos dos presentes no evento.
Evo Morales disse em seguida que acabou se tornando o melhor aluno da turma, algo que, em sua opinião, foi fruto do "sofrimento" que passou pelo castigo de seu pai.
"Acho importante o tema do sofrimento. Depois de um ano inteiro caminhando atrás das lhamas, pensei que, para não continuar caminhando atrás das lhamas, é preciso estudar", ressaltou o líder.
Morales fez estudos secundários na cidade de Oruro, onde trabalhou como padeiro, pedreiro e trompetista, mas não tem estudos universitários, embora tenha recebido o título de Doutor Honoris Causa em várias universidades do mundo.