Evo Morales, presidente boliviano: ele vai a justiça, mas sem abondonar o diálogo com o Chile (Joel Alvarez/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 23 de março de 2011 às 13h16.
La Paz - O presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou hoje que processará o Chile em tribunais internacionais devido à falta de resposta à exigência boliviana de recuperar uma saída ao oceano Pacífico, que perdeu em uma guerra no fim do século XIX.
"A luta por nossa reivindicação marítima (...) agora deve incluir outro elemento fundamental, o de comparecer perante os tribunais e organismos internacionais demandando em direito e justiça uma saída livre e soberana ao oceano Pacífico", disse Morales em um ato de comemoração pelos 132 anos da derrota boliviana.
No entanto, o governante esclareceu em seguida que tomará a medida "sem abandonar jamais o diálogo direto, franco e sincero com o Chile".
"Agora é factível conseguir que estes organismos internacionais façam justiça e reparem os danos causados aos países, sem necessidade de recorrer a nenhuma forma de violência", disse.
"A comunidade internacional deve entender agora que chegou o momento desta imensa ferida que temos os bolivianos por nosso enclausuramento ser fechada com base em um processo de conotações históricas, que com uma decisão justa e certeira devolva o acesso marítimo a nosso país", acrescentou.
Ao começar o ato militar com o qual é recordado em La Paz, todos os anos, no dia 23 de março, a derrota na "Guerra do Pacífico", e também ao terminar seu discurso, Morales e suas tropas gritaram o lema de Fidel Castro "Pátria ou morte, venceremos", que agora é também oficial na Bolívia.
Segundo uma pesquisa divulgada hoje pela imprensa local, 79% dos bolivianos acreditam que o Chile jamais "devolverá" a saída ao Pacífico, e apenas 16% creem que isso seja possível.
A Bolívia perdeu grandes territórios durante os dois séculos anteriores em conflitos armados com países vizinhos.
Chile e Bolívia não têm relações diplomáticas desde que fracassou em 1978 a última tentativa de negociação para atender à demanda boliviana por uma saída "soberana" ao Pacífico, mas nos últimos anos desenvolveram um novo processo de diálogo.