O Presidente da Bolívia, Evo Morales, defendeu a indicação de Lula para a ONU (Wilson Dias/ABr)
Da Redação
Publicado em 17 de dezembro de 2010 às 15h27.
Reverenciado por todos os participantes da 40ª Cúpula de Presidentes dos Estados Partes do Mercosul e Estados Associados, realizada hoje em Foz do Iguaçu (PR), e lançado candidato à Secretaria-Geral das Organização das Nações Unidas (ONU) pelo presidente da Bolívia, Evo Morales, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou mais uma vez qualquer pretensão no cargo.
"Eu acho que a ONU precisa ser dirigida por algum técnico competente da ONU, não pode ter um político forte na ONU porque não pode ser maior que os presidentes dos países", afirmou Lula.
Lula disse que a manifestação até o deixava preocupado. "Se virar moda presidente de países presidirem a ONU, daqui a pouco os Estados Unidos estão disputando, além do Conselho de Segurança, o controle das Nações Unidas, e aí ficará tudo mais difícil."
Ele também descartou qualquer possibilidade de assumir cargo na União de Nações Sul-Americanas (Unasul). "Já me dou por contente por ter sido presidente do Brasil e acho que Deus foi muito generoso comigo, já me deu demais", ressaltou. "Agora, aos 65 anos de idade, eu não vou pendurar a chuteira ainda, porque sou um político, faço política 24 horas por dia, vou continuar fazendo política aonde for necessária a boa política."
A reunião, a última de âmbito internacional em que o presidente Lula participou em seu governo, foi recheada de emoção, com outros presidentes falando sobre a "admiração" que têm pelo chefe de Estado brasileiro. Além de lançá-lo candidato ao cargo de secretário-geral da ONU, Morales convocou os outros colegas para fazer campanha.
Morales enumerou as razões para a indicação: "Pela sua grande experiência, pela sua capacidade de persuadir as pessoas, de convencer os opositores, pela capacidade de integrar os povos, pela capacidade de convencer-nos, inclusive até de frear-nos, mas pelo bem de nossos povos", disse o boliviano.
Homenagens
Para o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, Lula foi um "grande estadista". "O companheiro Lula deu mostras de excepcionais laços de solidariedade e liderança em todo o tempo que esteve na condução política de seu país", disse. "Tenho certeza de que continuará atuando pelos ideais que o levaram a ser o homem que é hoje."
Emocionado, o presidente do Uruguai, José Mujica, agradeceu a Lula "por existir, pelo que você fez e pelo que ainda tem pela frente". "Basicamente sem título, será nosso embaixador plenipotenciário no conserto deste mundo", reforçou.
Na mesma linha de elogios estendeu-se o presidente do Chile, Sebastián Piñera. Ele lembrou que, há alguns anos, ao assistir à despedida de Pelé, no Maracanã, ouviu 200 mil torcedores gritarem: "Fica Pelé, fica." "Eu quero dizer 'Fica Lula, fica'."
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, foi a mais contida preferindo dar as boas vindas à presidente eleita, Dilma Rousseff, que não compareceu a nenhuma das reuniões de cúpulas do Mercosul realizadas desde terça-feira. "Um até logo ao companheiro Lula e que Dilma seja bem-vinda, aguardamos com carinho, afeto e muito amor. Eu me sinto um pouco sozinha aqui", disse.