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Morales defende tradição boliviana de mascar folha de coca

A coca tem na Bolívia a categoria de patrimônio constitucional pela tradição e importância cultural, mas também é desviada para o narcotráfico


	Evo Morales: líder destacou que no ano passado "mediante legislações internacionais" conseguiu que fosse reconhecido o consumo tradicional da folha de coca
 (Getty Images)

Evo Morales: líder destacou que no ano passado "mediante legislações internacionais" conseguiu que fosse reconhecido o consumo tradicional da folha de coca (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 8 de janeiro de 2014 às 20h46.

Nações Unidas - O presidente da Bolívia, Evo Morales, voltou a defender nesta quarta-feira nas Nações Unidas a necessidade de descriminalizar a folha de coca com a qual, segundo ele, "inclusive alguns bolivianos e sul-americanos se curam de diabetes".

"Hoje comemos novamente a quinoa e a única coisa que sinto falta é mascar a folha de coca, e será na próxima vez com muitas autoridades", disse Morales em entrevista coletiva após assumir a Presidência do Grupo dos 77 (G77).

O líder destacou que no ano passado "mediante legislações internacionais" conseguiu que fosse reconhecido o consumo tradicional da folha de coca e agora sua próxima "tarefa" será retirá-la da lista de entorpecentes da Convenção da ONU de 1961.

A coca tem na Bolívia a categoria de patrimônio constitucional pela tradição e importância cultural, mas também é desviada para o narcotráfico porque contém alcalóides que, misturados com químicos, são a matéria-prima da cocaína.

Morales, que liderou um almoço na sede das Nações Unidas em que o produto estrela foi a quinoa, insistiu depois com a imprensa que em seu estado natural "a folha de coca não faz prejuízo ao ser humano".

E garantiu que "não só alguns bolivianos, também alguns sul-americanos se curam de diabetes com a folha de coca", lamentando que tenha sido "satanizada e criminalizada".

Quanto à quinoa, o presidente boliviano disse que da mesma forma que ocorre com a folha de coca, é um produto que estava "condenado e criminalizado no passado, odiado por ser alimento do índio".

"Mas agora é apreciado pelo império, e depois (da realização em 2013) do ano internacional (da quinoa) começou a subir de preço. Os produtores estão contentes, mas os consumidores não", admitiu Morales.

Embora as Nações Unidas tenham reconhecido o direito da Bolívia de defender o "acullicu" (mascado) de folha de coca entre sua população, também reforçou que a folha continua incluída na lista de entorpecentes e sua exportação está vetada.

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