O presidente Evo Morales: o fundador do Wikileaks é responsável pelo vazamento e divulgação de milhares de documentos secretos (Jorge Bernal/ AFP)
Da Redação
Publicado em 17 de agosto de 2012 às 18h23.
La Paz - O presidente boliviano, Evo Morales, afirmou nesta sexta-feira que a suposta ameaça do Reino Unido de invadir a embaixada do Equador em Londres é uma "agressão" não só a esse país, mas à Bolívia e a "toda a América Latina".
"Se há ainda agora (prevalece) essa mentalidade de ameaçar uma embaixada, a embaixada do Equador em Londres, se equivocam. Essa ameaça, essa agressão não é apenas ao Equador, mas à Bolívia, à América do Sul e à toda América Latina", disse Morales em um ato na região de Pando, na fronteira com o Brasil.
O presidente boliviano se referiu assim à denúncia que o governo de seu aliado equatoriano Rafael Correa fez de supostas "ameaças" do Reino Unido de intervir em sua embaixada em Londres para prender e extraditar o australiano Julian Assange, fundador de Wikileaks, a quem o Equador concedeu asilo político na quinta-feira.
"Eu quero dizer com muito respeito à Inglaterra: Não estamos em tempo de invasão nem de saque, estamos em tempo de integração e de trabalho conjunto para nossos povos", acrescentou Morales.
O presidente boliviano insistiu que "os tempos de invasão viraram história", embora tenha provocado dizendo que ficou "uma dívida da Europa em relação à América Latina" pelo "saque" cometido durante a época de colonização.
O fundador do Wikileaks é responsável pelo vazamento e divulgação de milhares de documentos secretos, principalmente dos Estados Unidos, aonde teme ser enviado e acusado de graves delitos, embora não conste até o momento nenhuma acusação contra ele no país.
O Equador buscará nas próximas horas o respaldo da Aliança Bolivariana para os Povos da América (Alba) e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), grupos que a Bolívia é membro, para conseguir que Assange, refugiado na embaixada equatoriana desde o dia 19 de junho passado, possa sair do Reino Unido.
As autoridades britânicas descartaram, por sua parte, oferecer um salvo-conduto e insistem em que é sua obrigação entregar o australiano para a Suécia, onde é acusado de delitos sexuais que ele nega.