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Moradores temem que barragem cause inundações em Iguape

Apesar dos perigos, população em geral apoia a construção da represa

Obras em Valo Grande: ONG explica que enchentes não têm ligação com a barragem (Wilson Dias/ABr)

Obras em Valo Grande: ONG explica que enchentes não têm ligação com a barragem (Wilson Dias/ABr)

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Da Redação

Publicado em 19 de janeiro de 2011 às 08h11.

Iguape, SP - A construção da barragem do Valo Grande gera apreensão nos moradores de alguns bairros de Iguape, litoral sul de São Paulo. No Sítio Tucano, que fica cercado de córregos e brejos, as pessoas temem que a obra, já iniciada, agrave os alagamentos que são frequentes na região. “Acho que quando fecharem a barragem [fluxo de água que já existe] a gente vai para dentro d'água”, desabafa a viúva Sebastiana das Graças.

A idosa receia perder a casa onde mora há nove anos. “Eu não quero perder a minha casa, acabei de perder meu marido”. Os vizinhos de Sebastiana compartilham da desconfiança em relação à represa. Também morador do bairro e funcionário de uma pousada, Edvaldo Aparecido tem dúvidas se o projeto será concluído. “Estou achando que não vai fechar [a barragem]. Não estão aí as comportas, as chapas grandes.”

A represa visa à interrupção do fluxo de água do Rio Ribeira para dentro do estuário (reserva) de Iguape, o que destrói os manguezais e prejudica a fauna marinha.

Mesmo sem ter certeza sobre a conclusão das obras e acreditando no risco de enchentes, Edvaldo é favorável à construção da barragem. Ele vê boas perspectivas no impulso econômico que o projeto promete gerar. “Melhor fechar a barragem [e construir a represa do Valo Grande], porque eu vou ter serviço direto. Enquanto a barragem estiver aberta vou viver só pescando manjuba”.

Para o diretor de Meio Ambiente da prefeitura de Iguape, André Gimenez, a construção da barragem tem o apoio da maior parte dos moradores da cidade. “A gente tem um entendimento que a maioria da população acredita que o fechamento seria benéfico. O pessoal da zona rural, que envolve outros municípios, é normalmente a oposição à intervenção.”

Ele reconhece, no entanto, que há falhas na divulgação dos detalhes do projeto pelo governo estadual, responsável pela obra.

O diretor de políticas públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani, descarta qualquer ligação entre a Barragem do Valo Grande e as enchentes na região. Segundo ele, as inundações são causadas pelo assoreamento do rio e ocorrem mesmo sem o represamento da água no canal.

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