Moon e Kim: líderes das duas Coreias negociam fim definitivo de conflito inciado na década de 1950 (./Reuters)
AFP
Publicado em 26 de abril de 2018 às 22h05.
Última atualização em 26 de abril de 2018 às 23h45.
Os líderes da Coreia do Norte e da Coreia do Sul trocaram um caloroso aperto de mão nesta sexta-feira sobre a linha de demarcação que divide os dois países antes de uma cúpula histórica.
"Estou feliz em conhecê-lo", disse Moon Jae-in ao seu colega Kim Jong Un, no momento em que ele se tornou o primeiro líder do Norte a entrar no Sul desde a Guerra da Coreia.
Moon também entrou rapidamente no norte antes de caminhar de volta.
Após uma breve conversa, os dois líderes caminharam até a Casa da Paz de Panmunjom, onde foi assinado o armistício de 1953.
Kim é o primeiro líder norte-coreano a entrar no sul desde a Guerra da Coreia, há 65 anos.
Trata-se da terceira reunião intercoreana, após os encontros celebrados em Pyongyang em 2000 e 2007, e marca um ponto de inflexão após a aproximação diplomática que se seguiu a um período de alta tensão na península.
Segundo a agência oficial norte-coreana KCNA, Kim viajou à Zona Desmilitarizada para "discutir honestamente com Moon Jae-in todas as questões que surjam para melhorar as relações intercoreanas e se obter a paz, a prosperidade e a reunificação da península da Coreia".
O tema do arsenal nuclear de Pyongyang está no centro da agenda, após a Coreia do Norte obter um rápido progresso em sua tecnologia atômica sob o mandato de Kim, que herdou o poder com a morte do pai, em 2011.
Os norte-coreanos também desenvolveram mísseis balísticos capazes de atingir o território americano, o que acrescentou tensão entre Washington e Pyongyang.
Mas os Jogos Olímpicos de Inverno em Pyeongchang, no Sul, marcaram o início de uma distensão palpável na península coreana.
No sábado, Kim anunciou uma moratória nos testes nucleares e nos lançamentos de mísseis balísticos de longo alcance, afirmando que já cumpriram com seus objetivos.
Na quinta-feira, o chefe da presidência sul-coreana, Im Jong-seok, advertiu que o panorama que espera os dois líderes não é fácil.
"Alcançar um acordo de 'desnuclearização' em um momento em que os programas nucleares e de mísseis intercontinentais (ICBM) da Coreia do Norte estão avançados será fundamentalmente diferente danatureza dos acordos alcançados na década de 1990 e princípio de 2000.
"Isto é o que faz esta cúpula mais difícil", explicou o funcionário.
Pyongyang pede garantias - ainda não especificadas - em troca da eliminação de seu arsenal.
No passado, o apoio da Coreia do Norte a uma eliminação das armas nucleares da Península foi uma expressão para se referir à saída das tropas americanas estacionadas na Coreia do Sul e seu guarda-chuva nuclear.
"Agora os grandes temas são a paz e a 'desnuclearização'", explicou à AFP o professor John Delury, da Universidade de John Delury.