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Da Redação
Publicado em 2 de junho de 2010 às 17h41.
Washington - O presidente da agência de classificação de risco Moody's, Raymond McDaniel, admitiu hoje os erros de seu sistema de análise, que contribuiu para a crise financeira por ter dado boas qualificações a títulos hipotecários de má qualidade.
Em um comunicado apresentado à comissão de investigação sobre a crise financeira internacional criada pelo Governo e pelo Congresso americanos, McDaniel confessou que o nível de precisão das avaliações da companhia "foi profundamente desalentador".
"A Moody's certamente não está satisfeita", afirmou McDaniel, em um testemunho por escrito apresentado à comissão, que realizou uma audiência em Nova York.
Na audiência, ex-analistas da companhia disseram ter sido pressionados pela gerência da agência para melhorar a avaliação de certos produtos financeiros em benefício de seus emissores, que são os que pagam pelos serviços da Moody's.
Além da Moody's, as agências de classificação de risco Standard & Poor's e Fitch, principais do mundo, atribuíram avaliações de alta qualidade a títulos imobiliários que acabaram por conter hipotecas subprime.
Quando a bolha imobiliária estourou nos EUA, a inadimplência estendeu a crise ao sistema financeiro, por causar grandes perdas de seus compradores.
Warren Buffett, presidente da Berkshire Hathaway e o maior acionista da Moody's, disse na audiência que os modelos usados pelas agências de crédito não levavam em conta a possibilidade de uma crise imobiliária em todo o país, apenas em certas regiões.
"Deveriam ter reconhecido que se tratava de uma bolha gigantesca", disse Buffett.
McDaniel confessou que, para a Moody's, a magnitude da crise "foi inimaginável".
Segundo Eric Kolchinsky, ex-diretor do departamento de derivados da agência, "enquanto nunca houve uma direção explícita sobre baixar os padrões de crédito, cada negócio perdido tinha que ser explicado e defendido".
Por sua parte, Mark Froeba, antigo vice-presidente de derivados da Moody's, acusou os diretores da companhia de premiarem com bonificações e promoções os analistas que cooperavam com os bancos e punirem os que não.
"Usaram intimidação para criar um grupo de analistas dóceis com medo de irritar os bancos de investimento e prontos para cooperar na maior medida possível", disse Froeba.
McDaniel afirmou que a companhia investigou as alegações e sua conclusão é de que "não têm nenhuma base".
O chefe da Moody's disse que os analistas continuam mantendo contato com os emissores dos títulos que avaliam, mas explicou que essa comunicação é importante para ajudá-los a entender a estrutura financeira e a estratégia dos clientes.