O primeiro-ministro italiano, Mario Monti: os especialistas não temem uma crise maior já que Monti está em fim de mandato (Andreas Solaro/AFP)
Da Redação
Publicado em 7 de dezembro de 2012 às 12h12.
Roma - O governo de Mario Monti está na berlinda, após perder no parlamento o apoio do partido de Silvio Berlusconi, que aproveitou para lançar a campanha da direita para as eleições legislativas de 2013, e nas quais deverá ser candidato mais uma vez.
Mas os especialistas não temem uma crise maior já que Monti está em fim de mandato.
Para Stefano Folli, jornalista político do Sole 24 Ore, "Berlusconi perdeu a confiança no governo, mas não existe uma crise governamental explícita".
"Monti continua no comando, está em fim de mandato e só falta a ele a adoção (definitiva) do orçamento, o que será feito até o Natal por comprometimento dos partidos", explicou à AFP.
O chefe de Estado, Giorgio Napolitano, também se mostrou confiante e definiu a pequena crise como "tensões pré-eleitorais".
Massimo Franco, do Corriere della Sera, escreveu em uma reportagem intitulada "O mundo está nos vendo" que uma "queda do governo significaria expor de novo o país aos ataques da especulação financeira e seria anular tudo que foi feito de positivo" no ano. "Existe o risco de perdermos a credibilidade reencontrada da Itália", completou.
De acordo com especialistas, o golpe de Berlusconi visava três objetivos: acelerar o fim da legislatura com eleições antecipadas para o fim de fevereiro em vez de no início de abril, suspender os projetos de reforma da lei eleitoral e esfriar um decreto adotado na quinta-feira pelo conselho dos ministros que prevê inelegibilidade de políticos condenados em última instância.
"Não existe possibilidade de Berlusconi voltar a liderar o governo. Ele está apenas tentando manter seu papel político com o objetivo de se defender dos processos movidos contra ele e de defender seus interesses econômicos (seu império de mídia Fininvest)", afirmou Folli.
Oficialmente, 'Il Cavaliere', do partido de direita PDL, ainda não anunciou sua sexta candidatura ao posto de Primeiro-ministro mas ele já começou a cogitar essa possibilidade.
"Estou recebendo diversos pedidos de meus partidários para voltar ao primeiro plano", declarou em comunicado, afirmando querer salvar uma "Itália à beira do precipício", que sofre com o desemprego e o aumento de impostos.
"A direita desesperada celebra o único ritual pagão que conhece: o eterno retorno do 'Cavaliere'", comentou nesta sexta-feira Massimo Giannini, vice-diretor do jornal Repubblica.
De acordo com ele, 'Il Cavaliere' vai fazer uma campanha "contra impostos, contra o Imu (taxa de moradia) e contra a Europa" para tentar "recuperar pelo menos parte de seu eleitorado, perdido após tantas promessas quebradas".