Monte Fuji, cartão-postal japonês: A última erupção, em 1707, aconteceu semanas depois que um terremoto aumentou a pressão (Swollib/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 5 de novembro de 2012 às 20h16.
Shizuoka (Japão) - O Monte Fuji, ícone sagrado do Japão, é também, por causa de sua condição de vulcão ativo, um foco de rígida vigilância na província de Shizuoka, uma das regiões sísmicas mais perigosas do mundo.
''O Fuji poderia entrar em erupção hoje ou amanhã'', reconhece Takayoshi Iwata, porta-voz do Centro de Gestão de Emergências e Desastres de Shizuoka, após lembrar que ainda é impossível prever o comportamento de um vulcão.
O Instituto Japonês de Pesquisa para Geologia e Prevenção de Desastres informou, em setembro, que a pressão na câmara de magma do vulcão teria aumentado depois do grande terremoto de março de 2011, o que elevaria a possibilidade de erupção.
No entanto, apesar das interpretações apocalípticas lançadas por muitos meios de imprensa, Iwata diz que esse estudo é apenas uma especulação matemática, já que não existem formas de medir a pressão dentro de uma câmara de magma.
A última erupção do Fuji, em 1707, aconteceu semanas depois que um terremoto aumentou tal pressão, como lembra o centro turístico ''Jukuu no mori'', da cidade de Gotemba.
Um diorama de seis metros de diâmetro, batizado de ''Sky Theater'', recria com muitos detalhes as belezas e os perigos do monte mais alto e sagrado do Japão.
As advertências não afetam somente povoados próximos ao vulcão, mas também os mais de 300 mil turistas que, entre julho e agosto, sobem os 3.776 metros do Monte Fuji, que fica a cerca de 100 km de Tóquio.
À margem de estudos e especulações, tanto Shizuoka como a vizinha província de Yamanashi, que abriga a face norte do Fuji, têm três tipos de designação de zonas de risco, cada uma com protocolos de evacuação em função dos alertas (Amarelo, Laranja e Vermelho) da Agência Meteorológica.
A primeira, que envolve áreas de até 10 km de distância da cratera, é aquela na qual poderiam ser abertas bocas de erupção e afetar diretamente os que tentam subir até o topo.
Se o alerta for vermelho ou laranja, a evacuação deve ser imediata nas zonas 1 e 2. Esses locais estarão expostos à lava, aos gases vulcânicos e à queda de rochas, mas o maior perigo, segundo Iwata, são as enxurradas de lama que seriam produzidas no inverno ao se misturarem com a neve e que cairiam com muita violência.
Embora algumas aldeias estejam nesta área, as três principais povoações que rodeiam o monte, Fujinomiya (131 mil habitantes), Gotemba (88 mil) e Fujiyoshida (50 mil) estão na zona 3, onde a evacuação depende do tipo de erupção e onde a lava, que se desloca a cerca de 3 km/h, demoraria um dia para atingir a região.
No entanto, os danos econômicos seriam grandes, tal como foi refletido em 2004 a partir de uma estimativa oficial que fala, no pior dos cenários, de perdas de 2,5 trilhões de ienes (cerca de R$ 64 bilhões) e cerca de 7,8 mil pessoas desabrigadas.
A cinza produzida pelo Fuji forçaria, além disso, o cancelamento de voos nos aeroportos de Tóquio e em outras regiões, e ao se misturar com a chuva, aumentaria o risco de avalanches, o que ameaçaria outros 1.900 lares.
Além disso, cerca de 12,5 milhões de pessoas poderiam sofrer problemas respiratórios, tal como aconteceu com os habitantes da antiga Edo (atual Tóquio) após a erupção de 1707.
Embora a antiga erupção não tenha vindo acompanhada de lava, a explosão espalhou quase um bilhão de metros cúbicos de cinza pela costa do Pacífico.
Em qualquer caso, os detalhados estudos não evitam que centenas de pessoas viagem ao local, a cada semana, para rezar no santuário xintoísta Fujisan Hongu Sengen Taisha, situado aos pés do monte, na cidade de Fujinomiya e cuja origem remonta ao ano de 27 a.C.
O local, segundo algumas pessoas, encarnou o espírito do vulcão e o da divindade da água, encarregada de apagar o fogo para que o reverenciado e temido Fuji não volte a despertar.