Tim Sheehy, à esquerda, e Jon Tester, à direita, estão no centro da acirrada corrida ao Senado em Montana, com a disputa atraindo milhões em doações. (AFP/AFP)
Redator na Exame
Publicado em 22 de outubro de 2024 às 14h07.
A vasta paisagem de Montana, com seus ranchos e céus abertos, se tornou o centro de uma das corridas eleitorais mais caras da história dos Estados Unidos. A disputa pelo cargo de senador, atualmente ocupado pelo democrata Jon Tester, tornou-se um embate decisivo para o controle do Senado americano, atraindo mais de US$ 270 milhões (R$ 1,5 bilhão) em doações e publicidade, de acordo com dados da AdImpact, em reportagem do Financial Times.
Com cada voto sendo disputado intensamente, os dois partidos têm injetado milhões na campanha, resultando em mais de US$ 350 (cerca de R$ 2 mil) gastos por eleitor registrado. Para muitos moradores, o excesso de propagandas políticas está se tornando cansativo. O estado, geralmente mais isolado dos grandes centros políticos, agora se encontra no foco da batalha pelo poder no Senado.
A eleição em Montana é vista como crucial porque o Senado dos EUA tem o poder de definir políticas que vão além das fronteiras americanas. Questões como o apoio militar dos EUA a países como Ucrânia e Israel, bem como decisões sobre a economia e o clima, estão em jogo. O ex-governador de Montana, Marc Racicot, afirmou que o impacto das decisões do Senado se estenderá para temas globais e domésticos, como impostos, política externa, educação e saúde.
Tester, que tem 68 anos e é agricultor em Big Sandy, é o único democrata a ocupar um cargo estadual em Montana, um estado que já foi um reduto democrata, mas que agora se inclina para o Partido Republicano. Tester lidera em arrecadação de fundos, mas as pesquisas mostram que seu adversário, o republicano Tim Sheehy, tem vantagem. A RealClearPolling aponta que Sheehy, ex-fuzileiro naval e empresário, está 7 pontos percentuais à frente de Tester.
Caso os republicanos consigam manter suas cadeiras e vencer em estados como Montana e Virginia Ocidental, onde o democrata Joe Manchin está se aposentando, isso lhes garantiria a maioria no Senado. Esse controle seria decisivo, independentemente de quem vencer as eleições presidenciais em 2024.
A corrida em Montana também chama atenção pelo volume de recursos que tem atraído. Outros estados, como Ohio e Pensilvânia, também têm visto grandes doações, mas a intensidade das campanhas publicitárias em Montana se destaca.
Alguns críticos sugerem que os democratas deveriam ter focado mais em estados como o Texas, onde Colin Allred, ex-jogador da NFL, disputa com o republicano Ted Cruz. No entanto, a liderança democrata reluta em abrir mão de Montana, um estado que, embora tenha se tornado mais conservador, ainda mostra potencial para manter uma cadeira democrata no Senado.
Tim Sheehy, que se mudou para Montana em 2014, enfrenta críticas de Tester, que o acusa de representar o problema dos forasteiros ricos que elevam o custo de vida no estado. Enquanto isso, Sheehy tem atacado Tester, argumentando que o senador está desconectado da realidade dos eleitores e que sua longa carreira política em Washington o afasta das preocupações dos montaneses.
Embora a eleição tenha repercussões globais, como o impacto sobre as relações internacionais e a política externa dos EUA, os eleitores em Montana estão mais focados em questões locais. O acesso a terras públicas, a crise habitacional e a agricultura dominam os debates eleitorais, com temas nacionais, como imigração e aborto, aparecendo de forma secundária.