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Mojtar Belmojtar é a história viva do terrorismo no Sahel

No começo dos anos 90, Belmojtar participou da guerra do Afeganistão do lado dos talibãs


	Argélia: na Argélia, ele deu seus primeiros passos no Grupo Islâmico Armado (GIA).
 (Wikimedia Commons)

Argélia: na Argélia, ele deu seus primeiros passos no Grupo Islâmico Armado (GIA). (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 22 de janeiro de 2013 às 12h49.

Argel - Contrabando, islamismo radical e terrorismo. Falar sobre Mojtar Belmojtar, conhecido como "o caolho", o homem que reivindicou o planejamento do sangrento ataque a um campo de gás na Argélia, e de sua biografia, que está entre a realidade e o mito, é falar sobre a história do terrorismo no Sahel.

Nascido em 1972, na desértica cidade argelina de Gardaia, no vale do Mozab, Belmojtar em breve se deixou seduzir pelas ideias do salafismo jihadista desenvolvidas no Egito nas décadas de 60 e 70.

No começo dos anos 90, da mesma forma que a maioria dos atuais líderes terroristas, como o principal da Al Qaeda, Ayman Zawahiri, ou Abdelmalek Drukdel, da Al Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI), Belmojtar participou da guerra do Afeganistão do lado dos talibãs.

De volta à Argélia após seu batismo de sangue, ele não deixou seus laços com o terrorismo, que aliou ao tráfico ilegal, especialmente o de tabaco, entre a Argélia e outros países do Sael.

Em 2000, os serviços alfandegários argelinos calculavam que as operações da chamada "Máfia do cigarro loiro", na qual Belmojtar era conhecido como "Mister Marlboro", gerava lucro anual de cerca de US$ 450 milhões.

Mas foram seus atentados e sequestros, muito antes do sangrento ataque ao campo de gás em In Amenas - no qual 37 reféns estrangeiros e um argelino morreram - o que fez com que seu nome passasse a ser associado ao terrorismo.


Na Argélia, ele deu seus primeiros passos no Grupo Islâmico Armado (GIA), que cometeu seu primeiro atentado em julho de 1992 e, um ano depois, estenderia seus ataques aos estrangeiros que vivem no país.

Belmojtar se desvinculou dessa organização em 1998 para se unir ao Grupo Salafista para a Pregação e o Combate (GSPC), criado por Hassan Hatab, conhecido como "Abu Hamza".

"Mister Marlboro" tornaria-se então um dos principais aliados de Hatab junto com Abderrazak Amari, mais conhecido por "O Paraquedista" e passou a agir em todo o Sahel, como parte da intenção do GSPC de estender a jihad além das fronteiras.

"O caolho" conseguiu certa autonomia para liderar um grupo com o qual percorria a cavalo Argélia, Mali e Níger, e com o qual também controlava mais de perto as redes de contrabando. Nessa época aconteceram seus primeiro desencontros com outros líderes jihadistas.

Segundo relatos das forças de segurança da época, "O caolho" e "O paraquedista" - este último o homem por trás do sequestro na Argélia de 32 turistas em 2003 -, que está preso neste país desde 2004, disputaram o controle do Sahel, no qual ambos operavam em nome de "Abu Hamza".

Foi também então que começou a ganhar força a lenda de Belmojtar, condenado a várias penas de morte na Argélia. Por exemplo, afirma-se sobre ele que selou alianças com líderes tribais de vários países do Sahel, inclusive se casando com filhas dos mesmos, para melhorar suas redes de contrabando.


Em março de 2002, foi dado como morto em uma operação militar em Gardaia, sua região de origem, como em muitas outras vezes.

No outono de 2006, o GSPD jurou lealdade a Osama bin Laden, e se transformou na Al Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI), que tem como um de seus objetivos unificar os grupos salafistas norte-africanos.

Dentro da nova organização, dirigida por Abelmalek Drukdal, Belmojtar, à frente da "Katiba al mulazamin" (a Brigada dos mascarados), ele passou a ser o emir da AQMI para o Deserto do Saara.

No entanto, em 2008, Drukdel o relegou deste posto e nomeou em seu lugar Gdir Mohammed, conhecido como Abu Zeid. Sua destituição coincidiu com a publicação, na imprensa argelina, de informações sobre supostos contatos de Belmojtar para conseguir um eventual cessar de atividades em troca de uma anistia, assim como sobre disputas com Drukdal, cuja autoridade parece resistir a aceitar.

Suas atividades nunca cessaram, e em 2012, ele participou do levante tuaregue que começou em janeiro e cujas rédeas foram tomadas em junho por novos grupos salafistas como Ansar al Din ou o Movimento e Jihad na África Ocidental (MYAO).

Em um vídeo divulgado em 5 de dezembro, no qual Belmojtar anunciou a criação da "Brigada dos Signatários com Sangue", responsável pelo recente ataque ao campo de gás, "o caolho" reconheceu a autoridade de Ayman Zawahiri, a quem descreveu como: "nosso emir".

No entanto, não fez referência alguma a Drukdel, nem seu vídeo tinha o selo oficial da AQMI, a produtora "Al Andaluz".

Seu grupo é agora mais um dos que, sob a bandeira do islã mais violento, radical e intransigente, lutam no Sahel para ganhar notoriedade, armas e dinheiro. 

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