Mohamed Mursi: ele já havia sido condenado a outras três penas: uma de 25 anos, uma de 20 anos e uma de morte (AFP)
Da Redação
Publicado em 18 de junho de 2016 às 10h53.
Cairo - Um tribunal do Egito condenou neste sábado o ex-presidente do país, Mohammed Mursi, a uma nova pena de prisão perpétua - que pelas leis locais corresponde a 25 anos de prisão - em um caso de espionagem no qual outros seis acusados, entre eles três jornalistas, foram condenados à morte.
O tribunal também condenou Mursi e dois repórteres a 15 anos de prisão em outra decisão relacionada ao mesmo caso, no qual são acusados de se apropriarem indevidamente de documentos relacionados com a segurança nacional e dá-los às autoridades do Catar.
Junto com Mursi foram condenados a 25 anos de prisão o diretor do escritório do ex-presidente, Ahmed Abdelati, e o então secretário de presidência, Amin al Sayarfi.
Esta é a segunda pena de 25 anos à qual Mursi foi condenado. Em 16 de junho do ano passado, ele foi considerado culpado de espionagem e de colaborar com organizações estrangeiras para planejar ataques no Egito, entre elas o movimento palestino Hamas.
Além disso, no mesmo dia, Mursi foi condenado à morte por participar de uma fuga em massa de uma penitenciária nos arredores do Cairo durante a revolução de 2011.
Mursi também foi condenado a outros 20 anos de prisão por seu envolvimento na morte de manifestantes no Cairo durante distúrbios em 2012.
Os jornalistas condenados a morte à revelia são o ex-diretor de notícias da "Al Jazeera" em árabe, Ibrahim Helal, o jornalista também da "Al Jazeera" Alaa Omar Sablan e o repórter da agência "Rassd" - simpatizante da Irmandade Muçulmana - Asmaa al-Khatib.
"O que mais me incomodou é acusarem a mim e a outros de traição, quando a verdadeira traição à pátria está nestas decisões judiciais. A causa e as provas estão baseadas em investigações de agentes da segurança do Estado, que se negaram a dizer quais foram suas fontes", afirmou Helal à "Al Jazeera".
O canal catariano foi vetado no Egito por causa da tensa relação entre Doha e Cairo, já que o Catar foi um dos principais apoiadores de Mursi e foi muito crítico com as autoridades que assumiram o poder após ter sido derrubado pelo exército em julho de 2013.
Desde o golpe de estado militar liderado pelo atual presidente, o marechal Abdul Fatah ao Sisi, as novas autoridades lançaram uma dura campanha de repressão contra a Irmandade Muçulmana, declarada no Egito como uma organização terrorista, assim como contra toda a dissidência política no país.