Epidemia: quase mil africanos já morreram por causa da doença (REUTERS/Ministry of Defence/Handout via Reuters)
Da Redação
Publicado em 9 de agosto de 2014 às 20h59.
São Paulo - O medicamento experimental contra o ebola ZMapp, nunca testado em seres humanos até ser usado por dois americanos infectados na Libéria, chegou neste sábado a um hospital de Madri, onde será administrado ao missionário espanhol Miguel Pajares, informou o Ministério da Saúde.
"Depois que a Agência Espanhola de Medicamentos e Produtos Sanitários autorizou, excepcionalmente, a importação deste medicamento", o ZMapp chegou à tarde ao hospital Carlos III, onde está internado o padre, de 75 anos, anunciou o Ministério.
Pajares, muito debilitado, chegou à Espanha na última quinta-feira, em um avião militar, com a freira Juliana Bonoha, também espanhola, que não tem o vírus.
O religioso, internado sob fortes medidas de segurança sanitária, pediu que a evolução de seu estado de saúde não seja divulgada, e sabe-se apenas que seu quadro é estável.
O ZMapp, produzido por um laboratório privado americano que, até agora, só o havia testado em animais, foi importado para a Espanha "seguindo a legislação, que permite o uso de medicamentos não autorizados por pacientes que tenham doenças que ameacem a sua vida e que não podem ser tratados satisfatoriamente com fármacos autorizados", assinalou o ministério.
O remédio, um coquetel composto por três anticorpos capazes de reconhecer as células infectadas pelo vírus e provocar uma resposta do sistema imunológico, foi importado de Genebra "graças a um acordo entre o laboratório que fabrica o medicamento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a ONG Médicos sem Fronteiras", acrescentou.
A decisão de administrar um tratamento experimental a um paciente deve ter o consentimento do mesmo, e ser tomada pelo médico responsável.
O ZMapp foi usado pela primeira vez por dois americanos - o médico Kent Brantly e sua ajudante, Nancy Writebol - após a repatriação do primeiro, há uma semana, e da segunda, três dias depois.
A decisão de usar o medicamento experimental para curar dois americanos quando quase mil africanos já morreram por causa da epidemia gerou um debate ético.
A OMS anunciou uma reunião extraordinária na semana que vem para avaliar a possibilidade de usar o ZMapp no Oeste da África.