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Mísseis russos atingem área próxima ao aeroporto de Lviv, diz prefeito

Até agora, Lviv havia escapado em grade medida dos combates, mas o exército russo bombardeou no domingo passado uma base militar ucraniana da região, um ataque que deixou pelo menos 30 mortos

Fumaça provocada por explosão em 18 de marçode 2022 na cidade ucraniana de Lviv

 (AFP/AFP)

Fumaça provocada por explosão em 18 de marçode 2022 na cidade ucraniana de Lviv (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 18 de março de 2022 às 09h51.

As imediações do aeroporto de Lviv, no oeste da Ucrânia, foram atingidas nesta sexta-feira por "mísseis" da Rússia, anunciou o prefeito da cidade, poucas horas antes de uma conversa telefônica prevista entre os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping.

"Mísseis atingiram o bairro do aeroporto de Lviv", cidade próxima da fronteira com a Polônia, escreveu no Facebook o prefeito Andriy Savody. Ele informou que o bombardeio não atingiu diretamente as instalações do aeroporto, e sim uma fábrica de reparo de aviões. "O funcionamento da fábrica já havia sido suspenso, então não há vítimas no momento", acrescentou. Até agora, Lviv havia escapado em grade medida dos combates, mas o exército russo bombardeou no domingo passado uma base militar ucraniana da região, um ataque que deixou pelo menos 30 mortos.

Entre as cidades mais afetadas está Mariupol, uma localidade estratégica do sudeste do país, atualmente cercada. O ministério russo da Defesa afirmou nesta sexta-feira que o exército do país e seus aliados separatistas estão em combate no centro urbano.

"Em Mariupol, as unidades da República Popular (autoproclamada, ndr) de Donetsk, com o apoio das forças russas, estreitam o cerco e combatem os nacionalistas no centro da cidade", afirmou o porta-voz do ministério, Igor Konashenkov.

Ele disse ainda que as tropas russas e os separatistas de Lugansk controlam 90% do território da região ucraniana de mesmo nome. Pouco antes da ofensiva, Moscou reconheceu a independência dos territórios separatistas da região de Donbass, Lugansk e Donetsk.

E com os combates incessantes, o presidente americano Joe Biden e seu colega chinês Xi Jingping terão uma conversa nesta sexta-feira, a quarta desde que o democrata chegou à Casa Branca.

De acordo com Washington, a ligação telefônica servirá para alertar Pequim contra qualquer apoio ao presidente russo Vladimir Putin.

Biden "dirá claramente que a China terá responsabilidade por qualquer ato destinado a apoiar a agressão e não hesitaremos em impor um custo a isso", declarou na quinta-feira o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken.

Desde o início da invasão em 24 de fevereiro, o regime comunista chinês tenta proteger sua relação fluida com o Kremlin e evitou pedir a Putin a retirada de suas tropas da Ucrânia.

Ao mesmo tempo, no entanto, estabeleceu certa distância de uma Rússia cada vez mais isolada. Por exemplo, Pequim não apoiou uma resolução russa sobre a guerra na Ucrânia no Conselho de Segurança da ONU, que acabou sendo retirada por Moscou.

Os diplomatas russos "recorreram ao copatrocínio para o texto e não receberam retorno", disse uma fonte diplomática que pediu anonimato, dando a entender que China e Índia apoiavam a resolução e não teriam votado a favor.

Biden chama Putin de "criminoso de guerra"

Nos últimos dias, Biden não poupou críticas a Putin. Na quarta-feira o chamou de "criminoso de guerra" e na quinta-feira de "ditador sanguinário".

Os autores de crimes de guerra na Ucrânia deverão "prestar contas" à justiça internacional, afirmaram os ministros das Relações Exteriores do G7.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, implorou aos ocidentais na quinta-feira que ajudem "parar a guerra", no dia em que um bombardeio russo provocou pelo menos 27 mortes no leste do país.

Na quarta-feira, Zelensky acusou a Força Aérea russa de ter bombardeado "deliberadamente" um teatro de Mariupol, onde centenas de civis estariam refugiados.

O presidente ucraniano chamou a Rússia de "Estado terrorista", enquanto Moscou afirmou que não bombardeou a cidade e atribuiu a destruição do teatro a um grupo de ultradireita ucraniano
A prefeitura de Mariupol destacou uma situação "crítica", com bombardeios russos "ininterruptos" e muitos danos. De acordo com as primeiras estimativas, 80% das casas teriam sido destruídas.

Os moradores da cidade começaram a retirar os escombros e a resgatar os sobreviventes do ataque, mas ainda não há um balanço oficial de vítimas.

De fato, a representante ucraniana para os direitos humanos, Liudmyla Denisova, afirmou que "todos sobreviveram" ao ataque.

O parlamentar Serguei Taruta também declarou que o abrigo dentro do teatro pode ter resistido. "Era formado por três partes e ainda não sabemos se foram danificadas", escreveu no Facebook.

Várias pessoas "saíram durante a manhã, depois que os moradores retiraram por conta própria os escombros", acrescentou.

Os bombardeios também continuam na capital Kiev e em Kharkiv, segunda maior cidade do país, onde pelo menos 500 pessoas morreram em ataques desde o início da guerra.

Mas o avanço terrestre parece estagnado e Moscou recorre cada vez mais a ataques aéreos e de longo alcance para tirar vantagem.

Propostas de cessar-fogo "não realistas"

Até o momento não foi divulgado um balanço global do conflito, mas presidente Zelensky mencionou em 12 de março a morte de "1.300" militares ucranianos, enquanto Moscou reportou 10 dias antes que havia registrado quase 500 baixas em suas fileiras.

Desde o início da invasão, 108 crianças morreram e 120 ficaram feridas, anunciou o Ministério Público ucraniano. Mais de três milhões de ucranianos fugiram do país, a maioria para a Polônia, que nesta sexta-feira superou a marca de dois milhões de migrantes procedentes da Ucrânia desde 24 de fevereiro, segundo a Guarda de Fronteira.

E não há indícios de que Moscou vai interromper a ofensiva, apesar do diálogo aberto entre os dois países. Durante uma conversa nesta sexta-feira com o chanceler alemão, Olaf Scholz, Putin acusou a Ucrânia de "adiar" as negociações para acabar com o conflito e afirmou que as autoridades do país apresentam propostas "que não são realistas".

Zelensky já afirmou que as prioridades da negociação "são claras: fim da guerra, garantias de segurança, soberania, restabelecimento da nossa integridade territorial, garantias reais para o nosso país, proteção real para o nosso país”.

Putin afirma que a ofensiva é um "sucesso" e seu porta-voz, Dmitri Peskov, declarou que "a maioria esmagadora" dos russos apoia as ações do presidente. Os demais são "traidores", disse.

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