Protestos contra o governo de Daniel Ortega na Nicarágua (Jorge Cabrera/Reuters)
Gabriela Ruic
Publicado em 3 de setembro de 2018 às 09h24.
Manágua, 1 set (EFE) .- A missão do Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (EACDH) deixou neste sábado a Nicarágua depois que o governo encerrou as atividades do grupo no país, após a publicação de um relatório com críticas.
O documento aponta o Estado da Nicarágua como o principal responsável pelas graves violações dos direitos humanos.
Antes de partir na manhã deste sábado, a missão, liderada pelo peruano Guillermo Fernandez Maldonado, deixou uma mensagem de agradecimento para o apoio recebido no país, em relação ao trabalho realizado entre junho e agosto. Ele também reiterou que continuará "monitorando a situação e acompanhando as vítimas em busca de justiça e verdade do escritório regional no Panamá".
A missão do EACDH chegou ao país em junho para enfrentar a crise sócio-política que eclodiu em abril. Na quarta-feira, divulgou um relatório denunciando o "alto grau de repressão" do Estado em protestos contra o governo nos quais eles registraram "mais de 300 mortos e 2 mil feridos".
No relatório, a agência acusa o governo de Ortega de "uso desproporcional da força pela polícia, o que resultou às vezes em execuções extrajudiciais, desaparecimentos forçados, e obstrução de acesso a cuidados médicos", entre outras violações aos direitos humanos.
O texto também considera o governo responsável por "detenções arbitrárias ou ilegais, maus-tratos frequentes e casos de tortura e violência sexual em centros de detenção e violação das liberdades de reunião e expressão pacíficas".
O presidente da Nicarágua rejeitou o documento e afirmou que o texto era ser "subjetivo, tendencioso e preconceituoso". A decisão do governo de suspender abruptamente a presença da agência da ONU foi criticada por agências humanitárias nacionais e internacionais, que a chamaram de "expulsão".
Os protestos contra o governo começaram em abril. Inicialmente, os manifestantes queriam bloquear a reforma previdenciária proposta pelo presidente. No entanto, o movimento cresceu e passou a pedir a renúncia de Ortega após a forte repressão policial. Pelo menos 300 pessoas morreram na crise.