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Missão Ártemis: entenda os problemas que adiaram o retorno dos EUA à Lua

Quase 50 anos depois da missão Apolo 17, a última a levar seres humanos à Lua, a Nasa ainda tenta tocar o projeto de voltar a explorar a superfície lunar

Missão Ártemis: Uma série de problemas foram elencados para justificar o atraso (SM/PA Images /Getty Images)

Missão Ártemis: Uma série de problemas foram elencados para justificar o atraso (SM/PA Images /Getty Images)

Agência o Globo
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Publicado em 10 de janeiro de 2024 às 07h11.

A Nasa, agência espacial americana, anunciou na terça-feira que vai atrasar as próximas missões Artemis, que incluem um voo tripulado ao redor da Lua e posteriormente o pouso da primeira mulher e da primeira pessoa negra na superfície lunar. Uma série de problemas foram elencados para justificar o atraso, incluindo problemas em válvulas e no escudo de calor da nave, procedimentos de operação e integração.

Após o último voo, a agência iniciou uma investigação sobre a perda inesperada de pedaços da camada de carvão do escudo térmico da espaçonave. As equipes precisaram retirar uma ampla amostragem do escudo térmico para fazer testes e revisão de dados de sensores e imagens. Além disso, a cápsula também apresentou problemas com as baterias e com um componente responsável pela ventilação do ar e controle de temperatura.

A NASA agora terá como meta setembro de 2025 para o Artemis II, a primeira missão tripulada do Artemis ao redor da Lua, e setembro de 2026 para o Artemis III, que está planejado para pousar os primeiros astronautas perto do Pólo Sul lunar. Artemis IV, a primeira missão à estação espacial lunar Gateway, permanece confirmada para 2028.

— Estamos retornando à Lua de uma forma que nunca fizemos antes, e a segurança de nossos astronautas é a principal prioridade da NASA enquanto nos preparamos para futuras missões Artemis — disse o administrador da NASA, Bill Nelson.

Dentro do programa Artemis, a Nasa está planejando uma série de missões de crescente complexidade para retornar à Lua e estabelecer uma presença contínua, com o objetivo de desenvolver e testar tecnologias para uma eventual viagem a Marte.

— Estamos deixando o hardware falar conosco para que a segurança da tripulação oriente nossa tomada de decisão. Usaremos o teste de voo do Artemis II, e cada voo que se segue, para reduzir o risco de futuras missões à Lua — disse Catherine Koerner, administradora associada da Diretoria de Missões de Desenvolvimento de Sistemas de Exploração na sede da NASA em Washington.

Segundo a Nasa, o cronograma ajustado também vai permitir com que seus fornecedores entreguem os equipamentos necessários à tempo. A SpaceX, do bilionário Elon Musk, vai fornecer o sistema de pouso humano, com a nave Starship, e a Axiom Space está desenvolvendo os novos trajes espaciais da próxima geração.

A agência espacial também pediu aos dois fornecedores de sistemas de pouso na Lua – SpaceX e Blue Origin – que começassem a aplicar o conhecimento adquirido no desenvolvimento de seus sistemas como parte de seus contratos existentes.

Programa Artemis

Mais de 50 anos depois da Apolo 17, a Nasa, a agência espacial americana, planeja enviar astronautas de volta à Lua nesta década, em uma série de voos espaciais chamados de programa Ártemis.

Superfaturado, o projeto Ártemis passou mais de uma década em desenvolvimento — seu embrião é de 2010 —, em meio a críticas de que se trata de uma perda de dinheiro. Estima-se que a Nasa já tenha gastado mais de US$ 100 bilhões com o programa.

A previsão inicial era que a primeira missão fosse lançada em 2016, mas só decolou em 2022 após uma série de atrasos e tentativas abortadas de última hora de pôr a Órion em órbita. Os diretores da agência argumentam que as missões lunares são centrais para seu programa de voos espaciais tripulados e não simplesmente uma repetição dos pousos da Apolo, realizados de 1969 a 1972.

— Nessas missões, cada vez mais complexas, os astronautas viverão e trabalharão no espaço profundo e desenvolverão a ciência e a tecnologia para enviar os primeiros humanos a Marte — disse Bill Nelson, gerente da Nasa, em uma entrevista coletiva neste mês.

A região lunar que buscam explorar é lar de misteriosas crateras permanentemente sombreadas que não veem a luz do Sol há bilhões de anos. Os produtos químicos congelados podem ajudar os cientistas a entender mais sobre a história da Lua e do sistema solar. Apesar de programada para 2025, contudo, uma auditoria independente do programa acredita que o voo não deve acontecer antes de 2026.

O objetivo é estabelecer na Lua uma presença sustentada e utilizar as experiências obtidas para planejar uma viagem a Marte em algum momento da próxima década. O projeto Ártemis, impulsionado pelo governo do ex-presidente Donald Trump e mantido por Biden leva o nome da deusa grega gêmea de Apolo, desenvolvido pelos Estados Unidos na década de 1960.

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