Moradores de cidade líbia realizaram hoje a primeira eleição em 40 anos no país (Abdullah Doma/AFP)
Da Redação
Publicado em 20 de fevereiro de 2012 às 18h18.
Misratah - Moradores da cidade líbia de Misratah votaram hoje para eleger seu conselho local nas primeiras eleições realizadas na Líbia em mais de 40 anos. O pleito ocorreu quatro meses depois da morte do ex-líder Muamar Kadafi. "É um evento histórico. Esperamos que essas eleições sejam um exemplo" para o resto da Líbia, disse à France Presse o presidente da comissão eleitoral da cidade, Mohammed Balrouin. Ele acrescentou que "foi um ensaio geral para a próxima votação", que deve ser realizada nacionalmente em junho, para eleger uma assembleia constituinte.
Os cidadãos de Misratah votaram para escolher 28 membros do conselho entre 242 candidatos. Foram registradas quase 101,5 mil pessoas para votar, entre 156 mil eleitores da cidade de 281 mil habitantes, segundo Balrouin. No meio do dia, ele estimou o comparecimento entre 30% e 60%. "Nossa meta é ter um comparecimento de mais de 30%. Acho que estamos quase lá", afirmou. Balrouin também comentou que a participação de mulheres "superou as expectativas".
Esta segunda-feira foi feriado público em Misratah, tanto para a eleição quanto para comemorar a data, já que exatamente um ano atrás a cidade se voltou contra o regime de Kadafi, que havia proibido as eleições por serem "uma invenção do Ocidente". A "cidade dos mártires" da revolução líbia ficou sitiada durante diversos meses pelas forças de Kadafi e enfrentou alguns dos conflitos mais fortes.
"Hoje estamos experimentando a liberdade e a democracia. Graças a Deus o sangue dos mártires não foi derramado em vão", afirmou a estudante Fama al-Shawesh, de 19 anos, que apresentava tinta azul em seu dedo para mostrar que tinha votado.
"Não consigo descrever esse sentimento. Liberdade, democracia, sem medo, sem repressão", disse Jamila Touhami, diretora de uma escola de meninas que serviu de ponto eleitoral. "Posso ver o orgulho nos olhos das mulheres que vêm para votar." Ela acrescentou que se surpreendeu com a "maturidade" demonstrada pelos eleitores. "A maioria deles, inclusive os analfabetos, parecia saber o que estava fazendo".
As urnas usadas na Líbia foram importadas da Tunísia e a tinta especial para as digitais, do Reino Unido. Misratah, terceira maior cidade da Líbia, é conhecida por sua forte comunidade de comércio e negócios. As informações são da Dow Jones.