Fethullah Gülen: o governo turco acusa Gülen de ter instigado a tentativa de golpe militar de 15 de julho através de suas redes de seguidores na Turquia (Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de julho de 2016 às 15h23.
Istambul - Os ministros turcos das Relações Exteriores, Mevlüt Cavusoglu, e Justiça, Bekir Bozdag, viajarão na próxima semana aos EUA para negociar com as autoridades americanas uma eventual extradição do predicador turco Fethullah Gülen, residente na Pensilvânia, informa nesta sexta-feira a agência "Anadolu".
O governo turco acusa Gülen de ter instigado o fracassado golpe militar de 15 de julho através de suas redes de seguidores na Turquia, algo que o predicador rejeitou após qualificá-lo de "ridículo, irresponsável e falso".
O ministro da Energia, Berat Albayrak, anunciou hoje nos veículos de imprensa de seu país a viagem de seus colegas, embora não precisou a data e se limitou a dizer que será "na próxima semana".
Os ministros se propõem a convencer as autoridades americanas para que extraditem Gülen, que viajou aos Estados Unidos em 1999 com um passaporte turco reservado a altos cargos, e desde então vive legalmente perto da cidade de Saylorsburg, na Pensilvânia.
A Turquia enviou na terça-feira passada um dossiê a Washington, mas as autoridades americanas não confirmaram que trate-se de uma solicitação de extradição formal através dos canais previstos.
O secretário de Estado americano, John Kerry, pediu de forma reiterada à Turquia que envie "provas, não acusações", a quem o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, respondeu que serão enviadas essas provas.
Em processo de extradição, a Justiça americana deverá avaliar as provas e determinar se demonstram um ato que também é considerado delitivo nos Estados Unidos antes de poder dar sinal verde a uma extradição, processo no qual poderão intervir os advogados de Gülen.
O predicador de 75 anos, cujas doutrinas foram apresentadas como uma forma espiritual e dialogante do islã, mas se baseiam no ideário fundamentalista do teólogo turco Said Nursi, era até 2013 um dos melhores aliados do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e sua confraria liderava os esforços do governo turco de islamizar a sociedade e marginalizar os coletivos laicos.
Desde o ano passado, a Procuradoria turca descreve esta confraria com o nome de "Organização Terrorista Fethullah Gülen (FETÖ)", apesar de nunca ter sido vinculada a atos violentos e nem armados, até o fracassado golpe da sexta-feira. EFE