"Seguramente, neste trimestre a economia espanhola teve uma nova queda e voltamos a uma taxa de crescimento negativa", afirmou De Guindos (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 26 de dezembro de 2011 às 16h50.
Madri - A economia espanhola, que após sair de 18 meses de recessão não conseguiu este ano afiançar seu crescimento devido a um desemprego recorde de 21,52%, é ameaçada por uma recaída, alertou nesta segunda-feira o novo titular de finanças em um contexto de desaceleração generalizada na Europa.
Evitando falar em "recessão" e embora ainda não disponha de dados oficiais, o ministro da Economia do novo governo conservador, Luis de Guindos, antecipou que o crescimento caiu no último trimestre de 2011 e que esta tendência pode continuar nos primeiros meses de 2012.
"Seguramente, neste trimestre a economia espanhola teve uma nova queda e voltamos a uma taxa de crescimento negativa", afirmou De Guindos, durante uma cerimônia de posse de altos cargos de seu ministério.
O ministro, que mais tarde previu aos jornalistas uma cifra de -0,2% ou -0,3% para o último trimestre de 2011, acrescentou: "isso vai logicamente determinar o perfil no qual entraremos no próximo ano, que vai ser um perfil relativamente desacelerado".
"Os próximos dois trimestres, que ninguém se engane, não vão ser simples, tanto sob o ponto de vista do crescimento como do ponto de vista dos empregos", acrescentou, sem detalhar se prevê uma estagnação da economia ou uma redução do crescimento nos primeiros três meses de 2012.
Dois trimestres consecutivos de crescimento negativo implicariam uma volta do país à recessão, já prevista pelos analistas.
"Parece que todas as previsões indicam que este será o cenário mais possível", afirmou à AFP Daniel Pingarrón, analista da empresa IG Markets.
O Goldman Sachs e o Instituto de Estatísticas francês previram um retrocesso de 0,2% do PIBC no quarto trimestre e outro tanto no primeiro de 2012, enquanto o banco Natixis calculou decréscimos consecutivos de 0,2% e 0,1%.
"Com estes dois trimestres negativos, em março de 2012 poderíamos falar de uma recessão real", explicou Pingarrón, destacando que "muitas economias da zona do euro terão um ritmo bastante parecido (...). vão ser registradas taxas negativas em seus produtos internos brutos".
A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE) advertiu nas últimas previsões que a Eurozona já parece ter entrado em uma "leve recessão".
"Todas as perspectivas indicam que a partir da segunda metade do ano de 2012, as coisas podem melhorar", destacou Pingarrón, apontando para uma "recessão muito limitada".
Atingida duramente pela crise financeira mundial e pelo estouro da bolha imobiliária, a economia espanhola entrou em recessão no último trimestre de 2008, ao cair 0,8% depois de ter retrocedido 0,2% no trismestre anterior. Em 2009, o país viu seu PIB cair 3,7% e depois 0,1% em 2010.
Após sair, no começo de 2010, de uma recessão de mais de 18 meses, a Espanha tenta recuperar o crescimento desde o começo de 2011: no primeiro trimestre cresceu 0,4%, depois 0,2% no segundo, antes de cair a 0% no terceiro.
Depois de prever um crescimento de 1,3% para 2011, o governo socialista que deixa o governo, reconheceu, em novembro, que o ano terminará provavelmente com um aumento de 0,80% do PIB.
Vários economistas previram uma volta da Espanha à recessão no fim de 2011 ou começo de 2012: o Goldman Sachs e o Instituto Francês de Estatísticas, INSEE, calcularam um retrocesso de 0,2% do PIB no quarto trimestre e outro tanto no primeiro de 2012.
O governo do conservador Mariano Rajoy, que assumiu na quinta-feira, tem como principal objetivo recuperar a abalada economia. Na sexta-feira o conselho de ministros tomará as primeiras "medidas urgentes em matéria orçamentária", anunciou o chefe do governo.
Uma de suas prioridades será lutar contra o desemprego recorde de 21,52% que afeta quase cinco milhões de pessoas.
Rajoy se comprometeu também a cumprir a meta do déficit público, proposta pelo atual governo socialista em 4,4% do PIB para 2012 e 3% em 2013, depois de ter alcançado um máximo de 11,1% em 2009 (e 9,3% em 2010).
Por isso, já anunciou medidas de austeridade de ao menos 16,5 bilhões de euros (mais de 21,565 bilhões de dólares) no próximo ano e advertiu que os cortes poderão incuir 10 bilhões de euros a mais se o déficit de 2011 for de 7% do PIB ao invés dos 6% previstos.
* Matéria atualizada às 17h53