O líder separatista curdo do PKK Abdulah Ocalan: ele pediu nesta quinta-feira aos seus seguidores que abandonem as armas (Joseph Barrak/AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de março de 2013 às 12h40.
Diyarbakir - O ministro turco do Interior, Muammer Guler, recebeu com satisfação a "linguagem de paz" utilizada nesta quinta-feira pelo líder da guerrilha curda Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), Abdullah Ocalan, que pediu aos seus seguidores que abandonem as armas.
Em declarações divulgadas pela agência de notícias "Anadolu", o ministro afirmou que a mensagem era positiva mas era preciso esperar as consequências práticas de suas palavras.
A avaliação de Guler é a primeira feita pelo governo turco, cujo primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, está em viagem oficial na Holanda.
Posteriormente, durante um discurso de Guler no Parlamento, um grupo de deputados do conservador Partido da Ação Nacional (MHP) protestou contra suas palavras e mostrou fotos de soldados e policiais mortos em enfrentamentos com o PKK.
A maior formação opositora, o laico Partido Popular Republicano (CHP), anunciou que não se expressaria, por respeito institucional, sobre as palavras de Ocalan antes de uma declaração do primeiro-ministro.
"Hoje é o início de um novo tempo. Um tempo no qual começam os direitos democráticos, a liberdade e a igualdade. As armas devem de calar", afirmou Ocalan em sua mensagem de paz.
Ocalan, de 63 anos, fundador e líder do PKK, conversou nas últimas semanas com o serviço secreto turco sobre as condições para um processo de paz com o Estado.
O primeiro-ministro turco deu garantias há algumas semanas atrás de que o Exército não atacaria os milicianos durante uma possível retirada do norte do Iraque, onde o PKK mantém suas bases.
O anunciou de Ocalan ocorre após 2012 ser o ano mais sangrento do conflito desde o início do século. Ao todo 140 soldados e policiais e mais de 500 guerrilheiros morreram em enfrentamentos no sudeste da Turquia.
Os contatos entre Ocalan e o serviço de inteligência turco foram confirmados há semanas e ambas as partes afirmaram que ocorreram "avanços positivos".
Em setembro de 2011, negociações secretas entre o hoje chefe do serviço secreto turco, Hakan Fidan, e delegados do PKK em Oslo foram vazadas ao público e suspensas.
Após o fracasso, Erdogan adotou um discurso duro, inclusive insinuando que Ocalan deveria ter sido executado. Ao mesmo tempo, introduziu reformas históricas como o ensino optativo do curdo em alguns colégios públicos e o uso de "línguas maternas", incluindo o curdo, nos Tribunais.
O PKK pegou em armas em 1984 para reivindicar os direitos dos mais de 12 milhões de curdos que habitam a Turquia. Desde então, aproximadamente 45 mil pessoas morreram nos enfrentamentos entre os milicianos e as forças de segurança turcas. EFE