O policial militar João Dias Ferreira, delator de suposto esquema de corrupção no programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte, depõe na Polícia Federal (Wilson Dias/ABr)
Da Redação
Publicado em 25 de outubro de 2011 às 06h27.
O secretário-executivo do Ministério do Esporte, Waldemar de Souza, abriu sindicância, nesta segunda-feira, para apurar o envolvimento de servidores da pasta em irregularidades administrativas. O pedido foi feito pelo próprio ministro da pasta, Orlando Silva. Reportagem de VEJA desta semana revelou o conteúdo de gravações de uma conversa de abril de 2008 entre o policial militar João Dias e dois assessores do ministério: Fábio Hansen, ex-chefe de gabinete da Secretaria de Esporte Educacional, e Charles Rocha, ex-chefe de gabinete da Secretaria Executiva.
O próprio policial registrou a conversa. Militante do PCdoB e dirigente de uma ONG, ele foi pego de surpresa por um ofício do Ministério do Esporte, enviado à Polícia Militar, responsabilizando-o por irregularidades e desvios de dinheiro. A gravação demonstra que Hansen e Rocha se esmeraram para arquitetar uma fraude que livrasse João Dias da investigação. "A gente pode mandar lá um ofício desconsiderando o que a gente mandou", propôs Charles Rocha. E Hansen completou: "Você faz três linhas pedindo prorrogação de prazo." Ele ainda explicou que esse pedido de prorrogação deveria ter data falsa.
Requerimento - O líder do PSDB na Câmara, deputado Duarte Nogueira (SP), protocolou nesta segunda-feira requerimento convidando os dois funcionários do Esporte para depor na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. O tucano também apresentou requerimento de convocação do ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage, para prestar esclarecimentos sobre os resultados das auditorias feitas e os procedimentos adotados para a recuperação dos recursos comprovadamente desviados.
“O ministro poderá explicar quais procedimentos foram postos em prática para que tudo o que foi desviado seja devolvido aos cofres públicos e os responsáveis sejam efetivamente punidos”, disse Nogueira.
Escândalo – Em reportagem de VEJA, João Dias, responsável por duas entidades que receberam dinheiro do Ministério do Esporte, relatou que o PCdoB usava os convênios para fazer caixa de campanha. Das verbas destinadas às ONGs, até 20% eram desviados.
O próprio ministro recebeu uma caixa repleta de dinheiro, de acordo com uma das testemunhas do caso. Orlando Silva nega todas as acusações e diz que João Dias é um "bandido" que não tem qualquer credibilidade.