Centenas de pessoas prestam homenagens aos mineiros mortos: um grupo de 34 mineiros foi morto pela polícia durante um enfrentamento em Marikana (©AFP / Stephane de Sakutin)
Da Redação
Publicado em 6 de setembro de 2012 às 16h05.
Johanesburgo - A companhia britânica Lonmin, proprietária da mina sul-africana de platina de Marikana, onde 44 pessoas morreram durante uma sangrenta greve de quatro semanas, anunciou nesta quinta-feira um acordo de paz com os mineiros, que no entanto não foi apoiado pelo sindicato que iniciou os protestos.
O acordo, assinado na madrugada de hoje, pretende abrir caminho para negociações salariais em um clima de calma e que permita a volta ao trabalho dos empregados. O documento não foi assinado pela Associação de Trabalhadores da Mineração e da Construção (AMCU), que começou a greve.
"A Lonmin e os sindicatos que fazem parte do comitê da empresa concordaram abordar reivindicações salariais por meio de vias legais, e convidamos a AMCU e os trabalhadores a tomarem parte nas negociações", afirmou o diretor da companhia, Simon Scott, em um comunicado.
"Só pedimos que estas negociações se desenvolvam em um ambiente livre de intimidações e violência", acrescentou Scott.
"A companhia segue comprometida a alcançar uma solução duradoura em Marikana e fará de tudo para que isso ocorra", concluiu o diretor.
O principal sindicato do setor, a União Nacional de Mineiros (NUM), mostrou-se satisfeito com o acordo e assegurou que as negociações salariais podem começar.
"Foi um processo muito duro. A Comissão de Arbitragem e Conciliação (CCMA) se encarregará de dirigir a negociação, que deverá ser resolvida no prazo de 30 dias", explicou Peter Bailey, responsável pela área de saúde e segurança do NUM.
A greve dos trabalhadores da mina de Lonmin em Marikana foi iniciada em 10 de agosto. Os mineiros reivindicam um salário de 12.500 rands (cerca de US$ 1.500 dólares), valor três vezes maior do que ganham atualmente, e afirmam que sem um acordo de paz não irão interromper os protestos.
O conflito mais sangrento da greve ocorreu em 16 de agosto, quando um grupo de 34 mineiros foi morto pela polícia durante um enfrentamento em Marikana, um fato que lembrou os momentos mais violentos do apartheid.
Além disso, 270 trabalhadores foram detidos após o massacre, dos quais 108, que ainda permanecem sob custódia policial, devem ser libertados hoje.