Mineiros sul-africanos em greve protestam: os grevistas pedem um salário de R$ 3 mil e a companhia oferece um valor de R$ 1,3 mil (Alexander Joe/AFP)
Da Redação
Publicado em 14 de setembro de 2012 às 09h50.
Johanesburgo - Os trabalhadores de uma mina de extração de platina em Marikana, na África do Sul, rejeitaram nesta sexta-feira a oferta salarial da companhia Lonmin e manterão a greve, que gerou um conflito com saldo de 45 mortes.
A Lonmin, proprietária da mina, entregou aos sindicatos uma oferta salarial que os grevistas consideraram "insuficiente", conforme definiram hoje os trabalhadores em uma assembleia.
A oferta da empresa está "muito longe" das reivindicações dos mineiros, afirmaram os líderes sindicais, citados pela emissora sul-africana "Talk Radio". Os grevistas pedem um salário de 12.500 rands (R$ 3 mil), e a companhia oferece um valor de 5.586 rands (R$ 1,3 mil).
A Lonmin aceitou começar as negociações salariais apesar de, no "acordo de paz" assinado com os sindicatos, exigir a volta ao trabalho dos mineiros como condição imprescindível para as conversas.
O sindicato AMCU (Associação da Mineração e Construção), principal estimulador do protesto, não assinou este acordo, mas participou das últimas conversas.
O papel dos sindicatos, no entanto, limita-se à mera interlocução entre a empresa, a Comissão de Arbitragem e Mediação, e os trabalhadores, que reivindicaram estar presentes de maneira independente nas negociações.
A greve continua pela quinta semana consecutiva em Marikana, onde morreram, até o momento, 45 pessoas, 34 delas por disparos da polícia no dia 16 de agosto em um massacre sem precedentes desde o final do regime racista do "apartheid", imposto pela minoria branca sul-africana até 1994.
Os protestos, enquanto isso, se estendem a outras explorações da comarca de Rustemburgo, onde fica Marikana, e os arredores de Johanesburgo.
Os grevistas da Amplats, divisão de platina da companhia Angloamerican, próxima da exploração de Marikana, convocaram ontem seus companheiros da Lonmin a se unirem a eles a fim de promover uma paralisação nas minas de Rustemburgo, região na qual é produzida a metade de toda a extração mundial de platina, conforme publicou hoje o jornal "Business Report".
A mina de ouro KDC West, da companhia Goldfields, a oeste de Johanesburgo, também está parada em função de uma greve.