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Da Redação
Publicado em 1 de setembro de 2014 às 20h59.
O governo líbio em final de mandato reconheceu nesta segunda-feira que não controla mais os ministérios e os serviços do Estado em Trípoli, deixando clara a situação de caos do país.
Com a Administração exilada no leste do país, a Líbia está nas mãos de milícias armadas, incapaz de concluir o processo de transição política.
"As sedes dos ministérios e dos serviços do Estado em Trípoli estão ocupadas por milicianos armados (em sua maioria islamitas) que impedem o acesso dos funcionários e ameaçam seus líderes", denunciou o Executivo, em uma nota.
Depois de apresentar sua renúncia na última quinta-feira, o governo disse estar em contato com as autoridades para tentar "garantir de longe a continuidade desses serviços".
As milícias armadas impõem sua lei na Líbia, mergulhada no caos, diante de autoridades que não conseguem restaurar a ordem desde a queda do regime de Muammar Kadhafi, em 2011.
Kadhafi foi derrubado após oito meses de rebelião armada, que contou com o apoio de países ocidentais.
Por razões de segurança, o Parlamento eleito em junho e o governo vêm operando do leste da Líbia.
Segundo a agência oficial de notícias Lana, os parlamentares encarregaram o primeiro-ministro em fim de mandato, Abdullah al-Theni, da formação de um novo governo, que inclui um gabinete de crise.
O Congresso Geral Nacional utilizou anteriormente sua maioria islamita para pedir ao político Omar al-Hasi a formação de um governo de unidade. Em tese, o mandato do Congresso já terminou.
Em 25 de agosto, o ainda premiê Theni acusou os milicianos que fazem parte da operação 'Fajr Libya' (Amanhecer da Líbia), procedentes em sua maioria da cidade de Misrata (ao leste da capital), de incendiar e saquear sua residência no sul de Trípoli.
No domingo, milícias islamitas chegaram a se instalar na embaixada americana em Trípoli para, segundo eles, proteger esse complexo evacuado em 26 de julho.
A embaixadora americana na Líbia, Deborah Jones, refugiada em Malta, confirmou que os milicianos tomaram apenas um anexo residencial da embaixada, sem causar danos.
Transição política em ponto morto
A transição política se encontra em ponto morto desde a ofensiva da "Fajr Libya" contra as autoridades deslocadas em Tobruk e a formação de dois governos rivais.
A Fajr Libya questiona a legitimidade do novo Parlamento por seu suposto apoio aos ataques aéreos de agosto.
Segundo os Estados Unidos, a ofensiva teria sido lançada pelos Emirados Árabes Unidos (EAU) contra milicianos islamitas na zona do aeroporto.
O Parlamento eleito classificou de terroristas os islâmicos da Fajr Libya, assim como os jihadistas da Ansar Sharia, que controlam a maior parte de Benghazi.
Em Benghazi, segunda maior cidade do país, um ataque jihadista matou dez soldados perto do aeroporto civil e militar.
O Exército conseguiu repelir o ataque, anunciou um porta-voz militar.
Nesta segunda, os meios de comunicação líbios pró-islamitas informaram a prisão de 30 líbios nos EAU após os ataques aéreos.
Embora os motivos da detenção não tenham sido divulgados, a imprensa divulgou que as autoridades dessa monarquia do Golfo rica em petróleo consideram os militantes islâmicos como uma ameaça grave para a região.