Bandeira da Rússia é hasteada em um tanque na cidade de Slaviansk, Ucrânia: apesar disso, a maioria dos milicianos armados se retiraram das ruas (Gleb Garanich/Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de abril de 2014 às 10h43.
Slaviansk - Os milicianos pró-Rússia que controlam a cidade de Slaviansk, no sudeste da Ucrânia, desdobraram nesta quinta-feira em diferentes pontos da cidade os blindados que tomaram ontem dos soldados ucranianos, constatou a Agência Efe.
Três dos seis blindados de transporte e combate que militares da 25ª Brigada Aerotransportada de Dnepropetrovsk entregaram ontem para a Milícia Popular do Donbass (região carbonífera) se encontravam hoje na frente da sede local do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU, antiga KGB).
"O restante está espalhado por outros pontos da cidade, que não podemos revelar", disse à Efe um dos líderes dos paramilitares que controlam o edifício, uniformizados e armados com fuzis Kalashnikov.
Um membro da milícia, que recolhe donativos em frente a uma delegacia da polícia, transformada em um dos quartéis-generais dos manifestantes pró-Rússia após ser tomada há cinco dias, reconheceu que os soldados ucranianos foram obrigados a entregar seus veículos.
Apesar disso, a maioria dos milicianos armados se retiraram das ruas e pouco a pouco o clima de normalidade retorna para a cidade.
O presidente interino da Ucrânia, Aleksandr Turchinov, chamou de covardes os militares que se renderam e disse que a brigada será dissolvida e os soldados julgados.
Além disso, a coluna de 15 carros blindados bloqueada ontem por centenas de cidadãos pacíficos na cidade vizinha de Kramatorsk se retirou da região com seu equipamento após entregar os acionadores de seus fuzis aos milicianos, segundo testemunhas disseram à Efe.
O Ministério da Defesa ucraniano reconheceu em comunicado que paraquedistas "se dirigem a sua base permanente em Dnepropetrovsk" após se retirarem de Kramatorsk "para evitar vítimas fatais entre a população civil".
A cidade, localizada a 15 quilômetros ao sul de Slaviansk, vive hoje um ambiente de relativa tranquilidade, apesar das duas localidades serem o principal alvo da operação antiterrorista declarada há dois dias por Kiev.
Ambas as cidades, situadas ao norte da rebelde região mineradora de Donetsk, transformaram-se em um reduto do protesto pró-Rússia, que não reconhece legitimidade das novas autoridades da Ucrânia e exige a realização de um referendo para a federalização do país.
A tensão se transferiu ontem à noite para a cidade de Mariupol, nas margens do mar de Azov, onde pelo menos três pessoas morreram e 13 ficaram feridas por disparos de militares ucranianos, que repeliram uma tentativa de ataque a um quartel.
"Três criminosos morreram e 63 foram presos. O restante fugiu e são agora perseguidos pela polícia", disse Turchinov, que classificou de "terroristas" os manifestantes e denunciou que empregaram "armas automáticas, granadas e coquetéis molotov" durante o ataque ao quartel militar.