Palestinos carregam corpo de criança morta pelo exército de Israel: "Tudo o que estamos vivendo requer uma solução política, Israel não quer solucioná-la, e este círculo de violência continuará" (Reuters / Mussa Qawasma)
Da Redação
Publicado em 6 de outubro de 2015 às 11h41.
Belém - Milhares de palestinos participaram netsa terça-feira, no campo de refugiados de Al Aida, ao norte da cidade cisjordaniana de Belém, do funeral da criança de 12 anos baleada pelo exército israelense nos confrontos de ontem.
Várias facções palestinas tinham declarado hoje "jornada da ira", com protestos nas principais cidades em reação à escalada da violência na região e à morte do menino e de outro adolescente na véspera na cidade de Tulkarem, no norte da Cisjordânia.
Entre duas e três mil pessoas acompanharam o sepultamento de Abed al-Rahman Shadi Obeidallah, que começou no campo de Al Aida e se dirigiu em procissão até a principal mesquita de Belém e terminou no cemitério.
Além de vizinhos e familiares, responsáveis palestinos e membros das "Brigadas dos Mártires de al-Aqsa", facção armada vinculada ao Fatah, acompanharam o enterro.
O representante da Comissão de Assuntos dos Prisioneiros, Issa Qaraqe, presente no funeral, condenou as últimas atuações das forças de segurança israelenses e responsabilizou o país pela morte do menino.
"Ninguém deveria deixar uma criança morrer, isto é culpa de Israel. Tudo o que estamos vivendo requer uma solução política, Israel não quer solucioná-la, e este círculo de violência continuará porque sua origem está na existência da ocupação", declarou a Efe.
Qaraque assinalou que Israel "parece não estar disposta ou ter vontade de encerrar (este círculo vicioso)" e qualificou os últimos incidentes violentos de reflexo "da raiva popular" nas ruas palestinas.
No lugar onde Obeidallah foi baleado foram depositadas pedras e bandeiras palestinas junto a uma imagem dele e a frase: "Nosso desejo é simples e legítimo. Queremos retornar para casa seguros a cada dia".
Moradores disseram à Efe que Obeidallah foi baleado no peito quando voltava da escola, durante uma revolta de moradores do campo de refugiados contra forças israelenses.
O escritório de informação do exército israelense disse à Efe que "abriu uma investigação do ocorrido" e informou que suas forças dispararam contra quem consideraram "um dos principais instigadores" dos distúrbios que começaram quando um grupo de palestinos atacou um posto militar com pedras, coquetéis molotov e pneus ardendo.