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Milhares protestam em Berlim contra extrema-direita

Cerca de 500 policiais foram mobilizados para garantir a segurança da manifestação

Multidão na frente do Parlamento protesta contra aliança política de conservadores na Alemanha (Getty Images)

Multidão na frente do Parlamento protesta contra aliança política de conservadores na Alemanha (Getty Images)

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Agência de notícias

Publicado em 2 de fevereiro de 2025 às 17h49.

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"Somos a barreira de proteção", afirmaram neste domingo (2) dezenas de milhares de manifestantes no centro de Berlim durante um protesto para expressar rejeição à aproximação iniciada esta semana entre a direita e a extrema-direita alemãs, a três semanas das eleições parlamentares.

Cerca de 160 mil pessoas participaram da manifestação, informou à AFP um porta-voz da polícia.

Segundo os organizadores, 200 mil pessoas se reuniram em uma concentração em frente ao parlamento alemão, o Bundestag, e posteriormente marcharam até a sede do partido conservador (CDU).

O protesto acontece a três semanas das eleições legislativas na Alemanha, com o objetivo de "fazer o maior barulho possível para pedir aos partidos que se dizem democráticos que protejam essa democracia", disse à AFP Anna Schwarz, uma manifestante de 34 anos.

A mulher - que relatou ser a primeira vez que participa de um ato político - afirmou que "não é possível ignorar isso, é muito grave".

Os manifestantes rejeitaram a decisão tomada nesta semana pelos democratas cristãos conservadores do partido CDU, de Friedrich Merz, de contar com os votos do movimento de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) em uma tentativa frustrada de aprovar conjuntamente um projeto de lei para limitar a imigração.

Essa aliança de fato rompeu um tabu político no país, onde desde a Segunda Guerra Mundial os partidos tradicionais têm se recusado a qualquer cooperação ao nível nacional com a extrema-direita, uma estratégia chamada de "cordão sanitário".

Muitos manifestantes acusaram Merz, favorito para as eleições de 23 de fevereiro, de fazer um "pacto com o diabo".

"Somos a barreira de proteção", "Que vergonha, CDU" ou "Merz sem coração" eram algumas das frases vistas nos cartazes exibidos pelos participantes.

Merz "quer romper o cordão sanitário contra os extremistas de direita com um grande golpe", denunciou a ONG de esquerda Campact, que convocou o protesto em Berlim.

Risco de alianças

O chefe do governo alemão, o social-democrata Olaf Scholz, alertou sobre o risco de AfD e CDU se aliarem para governar, como já ocorreu em outros países.

Embora Merz rejeite a ideia de uma coalizão nacional com a AfD, "ele já traiu sua palavra na semana passada, como confiar nele?", disse à AFP Matina Beibel, manifestante em Berlim.

Cerca de 500 policiais foram mobilizados para garantir a segurança da manifestação.

E no sábado, mais de 220 mil pessoas protestaram nas principais cidades do país, como Hamburgo, Leipzig, Colônia e Stuttgart, segundo dados divulgados pela emissora pública ARD.

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