Shinzo Abe: sob a lei, servidores públicos e outros com acesso a informações consideradas secretas podem ser condenados a até 10 anos de prisão no caso de vazamentos (Toru Hanai/Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de novembro de 2013 às 09h15.
São Paulo - Milhares de pessoas protestaram em Tóquio contra uma projeto de lei que críticos dizem ter o potencial de restringir o acesso a informações sobre questões como a crise nuclear de Fukushima.
A lei, proposta pelo governo do primeiro-ministro Shinzo Abe, expande significativamente a definição do que são segredos de Estado, medida que Abe alega ser vital para fortalecer a cooperação de segurança com os Estados Unidos, seu principal aliado, e outros países.
O rígido controle de informações secretas praticado durante a Segunda Guerra Mundial há muito tornou o tema um tabu no Japão, mas a expectativa é que a lei seja aprovada na votação marcada para a próxima semana, devido à confortável maioria da coalizão governista em ambas as casas legislativas japonesas.
"Sem o direito ao conhecimento, a democracia não pode existir", disse Yasunari Fujimoto, membro do grupo civil Fórum da Paz, durante a manifestação em um parque próximo ao Parlamento.
"Se a lei for aprovada, nossa Constituição será nada mais do que um pedaço de papel." Críticos dizem que a lei pode impedir que jornalistas investiguem os erros de autoridades, como o conluio entre reguladores e usinas que em 2011 contribuiu para o desastre nuclear de Fukushima.
Sob a lei, servidores públicos e outros com acesso a informações consideradas secretas podem ser condenados a até 10 anos de prisão no caso de vazamentos. Pelas regras atuais, a pena é de um ano de reclusão, exceto para autoridades de defesa, sujeitas a cinco anos de prisão ou a 10 anos, caso os dados tenham como origem as Forças Armadas dos EUA.
Jornalistas e outros representantes do setor privado podem ser condenados a até cinco anos de prisão caso utilizem métodos "grosseiramente inadequados" para encorajar tais vazamentos.
Manifestantes lotaram um teatro de 3 mil lugares localizado em um parque, com pessoas espremidas nos corredores e se espalhando pelo parque. Alguns erguiam cartazes a favor da liberdade de expressão.
A estimativa dos organizadores foi de 10 mil pessoas presentes.
Abe insiste que a lei é essencial em seus planos para estabelecer um conselho nacional de segurança semelhante ao modelo dos EUA.