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Milhares de franceses fazem homenagem a professor decapitado

Os manifestantes homenagearam Samuel Paty, professor morto na na sexta-feira, com faixas com frases como "Je suis prof" ("Eu sou um professor")

 (Marine PENNETIER/Fanny LATTACH/AFP)

(Marine PENNETIER/Fanny LATTACH/AFP)

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AFP

Publicado em 18 de outubro de 2020 às 15h12.

Dezenas de milhares de pessoas se manifestaram na França, neste domingo (18), em homenagem ao professor Samuel Paty, que foi decapitado na sexta-feira por ter mostrado aos seus alunos charges do profeta Maomé, um ataque extremista que chocou o país.

Em Paris, os manifestantes se reuniram na emblemática Praça da República, epicentro da grande marcha - em 11 de janeiro de 2015 -, após os ataques extremistas contra o semanário satírico Charlie Hebdo e um supermercado de produtos kosher.

Os manifestantes homenagearam Samuel Paty, com faixas com frases como "Je suis prof" ("Eu sou um professor"), "Não ao totalitarismo de pensamento" e "Liberdade de expressão, liberdade para ensinar".

Homenagens também ocorreram em outras grandes cidades francesas, como Lille (norte), Lyon (leste) e Nice (sudeste).

Vários líderes dos principais partidos políticos estiveram presentes na homenagem em Paris: o primeiro-ministro Jean Castex; a prefeita socialista da capital, Anne Hidalgo; a presidente de direita da região parisiense, Valérie Pécresse; e o líder da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon.

O ex-chefe de Estado, o socialista François Hollande, também participou da manifestação.

"Não temos medo. Não temos medo. Eles não vão nos dividir. Nós somos a França!", escreveu Castex em um tuíte com imagens do evento.

Alguns dos presentes carregavam faixas com charges de Maomé publicadas pelo semanário satírico Charlie Hebdo. Eles também entoavam o hino nacional francês.

Homenagem nacional

Guigané, mediadora sociocultural da região parisiense, de 34 anos, compareceu ao local com seu filho de 4 anos nos ombros para prestar uma homenagem a Samuel Paty e denunciar "o ato de ódio e assustador".

"Não devemos permitir que essa violência se estabeleça, se torne nosso dia a dia, ou nos acostumemos com ela", afirma.

Na tarde de sexta-feira, Samuel Paty, um professor e pai de família de 47 anos, foi decapitado próximo à escola onde lecionava história e geografia, em um bairro tranquilo de Conflans Sainte-Honorine, a 30 quilômetros de Paris. O agressor, um homem de 18 anos, foi morto pela polícia.

O assassinato chocou profundamente o país, três semanas depois de um ataque islâmico, no qual um paquistanês feriu duas pessoas com uma faca em frente às antigas instalações do jornal Charlie Hebdo, e em meio a um debate sobre separatismo religioso.

No sábado, em Conflans Sainte-Honorine, cerca de mil pais, políticos locais eleitos e cidadãos anônimos se reuniram em frente à escola, onde trabalhava este dedicado professor que era bem próximo aos seus alunos, segundo relatos.

Os alunos também pareciam muito afetados pela perda, como Marie, que foi para ao antigo colégio para colocar algumas flores em "homenagem ao seu antigo professor".

"Lembro-me da aula dele sobre liberdade de expressão. Conversávamos sobre Charlie, fizemos alguns desenhos que ainda estão pendurados", explicou a jovem.

De acordo com o Palácio do Eliseu, na quarta-feira, será realizada uma homenagem nacional junto à família do professor assassinado, sem especificar o local.

Segundo o promotor antiterrorista Jean-François Ricard, o professor de história organizou um debate com seus alunos para a matéria de educação cívica, durante o qual exibiu as ilustrações do profeta Maomé.

Antes, o professor teria convidado os alunos que não quisessem participar a se retirarem da sala de aula.

No total, 11 pessoas foram detidas desde sexta-feira, principalmente os pais, avô e irmão mais novo do agressor, entre outros.

Iniciada em 2015, a onda de ataques extremistas na França já registra 259 mortes.

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