Este é o terceiro protesto em massa desde que o governo apresentou ao Congresso, no dia 8 de outubro, um projeto de reforma da educação, que os estudantes criticam por não ter sido negociada com a comunidade universitária (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 10 de novembro de 2011 às 20h48.
Bogotá - Milhares de estudantes saíram novamente às ruas das principais cidades da Colômbia para protestar contra uma reforma educacional planejada pelo governo do presidente Juan Manuel Santos e criticada pelo movimento universitário.
Apenas em Bogotá, entre 150 mil e 200 mil universitários participaram das 12 passeatas organizadas, que se encontraram na histórica Praça de Bolívar, onde ficam os prédios dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
As intensas e prolongadas chuvas que caíram sobre Bogotá não detiveram os estudantes, que deixaram de assistir às aulas no dia 12 de outubro, quando foram paralisadas as atividades nas 32 universidades públicas da Colômbia.
Este é o terceiro protesto em massa desde que o governo apresentou ao Congresso, no dia 8 de outubro, um projeto de reforma da educação, que os estudantes criticam por não ter sido negociada com a comunidade universitária.
"As passeatas foram enormes e transcorreram sem incidentes", afirmou Sergio Fernández, porta-voz da Organização Colombiana de Estudantes (OCE), entidade organizadora do protesto junto à Federação de Estudantes Universitários (FEU).
Segundo ele, "mais de 200 mil pessoas" se mobilizaram somente em Bogotá, enquanto fontes da Prefeitura da capital informaram à Agência Efe que o número de participantes teria sido em torno de 150 mil.
Aos manifestantes de Bogotá, se uniram estudantes de outras cidades como Medellín, Cali e Villavicencio, que viajaram à capital em caravanas de ônibus, motocicletas e inclusive a pé.
Diante do impacto dos protestos, o presidente Santos prometeu na quarta-feira que retiraria a reforma desde que os universitários retornassem às salas de aula. Ele reiterou sua proposta nesta quinta-feira.
O presidente destacou que a reforma visa garantir mais recursos às instituições oficiais, criar mais cotas e facilitar a entrega de subsídios de sustento a estudantes com poucos recursos econômicos. Mas as organizações universitárias alegam que o projeto ameaça o financiamento, a autonomia e a qualidade do ensino.
Em comunicado, o movimento estudantil adverte que o projeto "reduz drasticamente o investimento do Estado por cada estudante, obrigando as universidades públicas a se autofinanciar, vendendo projetos a empresas privadas".
O presidente do sindicato da Universidade Distrital de Bogotá, Guillermo Gutiérrez, expressou à Agência Efe que, com a reforma proposta, a educação "deixa de ser um direito e se transforma apenas em um negócio".
"É importante que se dê uma mesa nacional consultiva onde os estudantes e o governo sentem para negociar, para que os colombianos possam ter uma educação pública, gratuita e de qualidade", indicou à Efe o porta-voz estudantil Daniel Morales.