Agência de notícias
Publicado em 30 de março de 2024 às 19h28.
Última atualização em 29 de maio de 2024 às 09h16.
Milhares de árabes-israelenses foram às ruas, neste sábado, 30, em Deir Hanna, no norte de Israel, para pedir o fim da guerra em Gaza, em uma marcha que rememora a dura repressão em 1976 a protestos contra o confisco de terras.
Em 30 de março se comemora o Dia da Terra, em memória da morte de seis manifestantes árabes que se opuseram ao confisco de suas terras pelas autoridades israelenses em 1976.
Os manifestantes marcharam junto a membros árabes do Parlamento israelense, com bandeiras palestinas nas mãos, muitos deles usando o tradicional keffiyeh (echarpe palestina) e exibindo cartazes com a mensagem "Parem com a guerra em Gaza".
Também participaram da passeata alguns grupos de judeus que exibiam pôsteres em hebraico com lemas como "Os judeus e os árabes se negam a ser inimigos".
Eyal, um ativista judeu israelense de 33 anos, contou que foi à manifestação em solidariedade aos árabes.
"Exigimos o fim dos massacres do governo israelense em Gaza e o fim da guerra em Gaza", disse, pedindo para ser identificado unicamente com o primeiro nome.
Os árabes-israelenses são membros ou descendentes da população árabe que vivia na área palestina durante o mandato britânico. Após a primeira guerra árabe-israelense, ficaram em território israelense, quando foi fundado o Estado de Israel, em 1948.
Segundo o Escritório Central de Estatísticas de Israel, há no país dois milhões de árabes, 21% da população. Estes números incluem a população de Jerusalém oriental, anexada por Israel, sem o reconhecimento da ONU.
"Passaram-se 48 anos (...) A máquina da morte (...) e as tentativas de apagar nossa identidade nacional e de roubar nossas terras continuam", lamentou Said Husein, prefeito de Deir Hanna, durante um discurso na praça principal da cidade.
O prefeito denunciou a marginalização dos árabes-israelenses por parte das autoridades de Israel e criticou as "leis racistas" que buscam um "deslocamento programado" dos beduínos árabes do deserto de Neguev.
"Enfrentamos uma série de deslocamentos e repressão, e somos os sobreviventes do nosso povo deslocado", lamentou Mohamed Barakeh, representante de uma comunidade árabe-israelense.
"Esta carne que arde em Gaza é nossa carne, e as mulheres feridas em Gaza são nossas irmãs", disse, denunciando um "genocídio" no território palestino.
As manifestações foram autorizadas na sexta-feira na cidade árabe de Shefa Amr, no norte de Israel, pela primeira vez desde o início da guerra. A cidade abriga grande parte da minoria árabe de Israel.
A guerra entre Israel e Hamas teve início após o ataque sem precedentes do movimento palestino em 7 de outubro, no sul de Israel, no qual comandos islamistas mataram 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP com base em dados de fontes israelenses.
Os islamistas também capturaram naquele dia 250 pessoas, 130 das quais continuam mantidas reféns em Gaza, incluindo 34 que teriam morrido, segundo as autoridades israelenses.
Em retaliação, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva em Gaza que já deixou mais de 32.700 mortos, também civis em sua maioria, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, território governado pelo Hamas desde 2007.