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Milei diz que dolarização fica para depois e que fim do Banco Central é prioridade

Mandatário argentino afirma que sempre se falou sobre "competição entre moedas", e não sobre dolarizar a economia

 (AFP)

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Luciano Pádua
Luciano Pádua

Editor de Macroeconomia

Publicado em 1 de abril de 2024 às 12h22.

Última atualização em 1 de abril de 2024 às 13h58.

O presidente da Argentina, Javier Mileidisse que não vai insistir em uma das principais ideias de sua campanha: dolarizar a economia do país. Pelo menos, não até as eleições legislativas argentinas, que acontecem em 2025. Mas, em sua agenda, segue firme o propósito de acabar com o Banco Central do país vizinho.

"Não creio que chegaremos lá antes das eleições legislativas do ano que vem, mas o objetivo continua a existir", afirmou o presidente à CNN en Español em entrevista que foi ao ar no domingo, 31, à noite. "O que temos em mente é terminar com o Banco Central, que é um mecanismo de fraude, provavelmente um dos mecanismos pelos quais os políticos enganam os cidadãos de maneira mais grosseira e violenta, e isso é um objetivo."

Leia mais: Milei chega aos 100 dias com 'motosserra ligada', superávit e reveses no Congresso

Segundo ele, para chegar nesse ponto, seria necessário fazer várias reformas. "Incluindo a reforma do sistema financeiro, na qual estamos trabalhando para montar essa reforma do sistema financeiro", disse.

Ele também se referiu à sua promessa de dolarização feita durante a campanha eleitoral e reafirmou sua ideia de "acabar com o Banco Central".

Dolarização ou competição de moedas?

Apesar de a dolarização ter sido um dos temas centrais de sua campanha, o atual presidente argentino garantiu durante a entrevista que não tinha esse objetivo em mente .

"Não falamos estritamente de dolarização", afirmou Milei. "Sempre falamos sobre competição entre moedas. E nessa competição, se uma moeda se impuser, a moeda que provavelmente será escolhida, devido às preferências dos argentinos, é muito provável que seja o dólar. Por isso se falou em dolarização. Mas, na verdade, sempre falamos sobre competição entre moedas."

Para Milei, a "única maneira de evitar que o Banco Central engane os cidadãos honestos" é acabando com a instituição. 

"De fato, o Banco Central como instituição é bastante novo. Vou lhe contar algo, a Argentina tem um Banco Central desde 1935 e antes não tinha, e havia se tornado uma potência mundial", afirmou. "Portanto, não é uma questão de você precisar do Banco Central para se desenvolver. Na verdade, a moeda é uma invenção do setor privado para resolver o problema da dupla coincidência e da indivisibilidade, mas o mundo encontrou outras formas de usar moedas diferentes. Portanto, quem sou eu para impor às pessoas qual moeda usar?"

Plano econômico

Do ponto de vista econômico, Milei destaca que seu maior feito até aqui foi ter "evitado a hiperinflação".

"A inflação de dezembro acumulou em três semanas um aumento de 30%, por isso eu dizia que se ficasse nessa cifra seria um grande feito porque significava que na quarta semana os preços já haviam parado de crescer", afirmou. "Terminou ficando em 25%. Em janeiro foi 20%, em fevereiro 13%, mas quando você limpa os efeitos do carregamento estatístico, e os aumentos únicos e definitivos de tarifas e, por exemplo, planos de saúde, isso faz com que a inflação esteja na ordem de 7%."

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Segundo ele, o país vinha "viajando a velocidades" na taxa de inflação acima de 50% por mês. "Março é um mês difícil pela questão da sazonalidade mas em algum momento a taxa de inflação vai desabar da mesma forma que desabou o dólar", disse.

Milei também enalteceu a estratégia para controlar os gastos públicos, alicerce fundamental de sua política "motosserra".

"Nós pensávamos em alcançar o déficit zero para o ano completo de 2024 e fizemos isso com tanta força que alcançamos no primeiro mês do ano. Isso implicou cortar com a emissão monetária", afirmou.

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