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Mikhail Khodorkovsky se compromete a não fazer política

O opositor russo explicou que não pode voltar de imediato a seu país em razão de uma condenação civil, ainda válida, no valor de 550 milhões de dólares


	Mikhail Khodorkovsky: ex-magnata do petróleo e opositor russo chegou sexta-feira em Berlim, poucas horas depois de ser libertado do campo de detenção na cidade de Segezha
 (Alexander Nemenov/AFP)

Mikhail Khodorkovsky: ex-magnata do petróleo e opositor russo chegou sexta-feira em Berlim, poucas horas depois de ser libertado do campo de detenção na cidade de Segezha (Alexander Nemenov/AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de dezembro de 2013 às 19h12.

O ex-magnata do petróleo e opositor russo Mikhail Khodorkovsky disse que em seu pedido de indulto ao presidente Vladimir Putin prometeu se afastar da política e assegurou que voltará ao seu país apenas quando puder sair em segurança, em uma entrevista divulgada neste domingo.

"Escrevi em minha solicitação o que disse várias vezes publicamente: não irei fazer política e nem irei lutar para recuperar os bens da Yukos", sua antiga companhia petrolífera, afirmou à revista opositora The New Times.

"(...) Voltarei (à Rússia) apenas se estiver seguro que poderei deixar o país quando necessário", acrescentou.

Ele explicou que não pode voltar de imediato a seu país em razão de uma condenação civil, ainda válida, no valor de 550 milhões de dólares.

"Do ponto de vista jurídico, minha condenação civil pelo primeiro caso julgado ainda não foi retirada. Trata-se de uma multa de 550 milhões de dólares e, segundo a lei russa, isso pode impossibilitar a minha saída do país", declarou.

Mikhail Khodorkovsky, de 50 anos, chegou sexta-feira em Berlim poucas horas depois de ser libertado do campo de detenção na cidade de Segezha, na região de Carelia (noroeste), onde cumpria uma pena de 14 anos de prisão.

O ex-magnata assegurou ainda que as autoridades russas desejavam que ele deixasse o país. "As autoridades podem até dizer que não me enviaram para o exílio, e que fui eu quem pediu para deixar o país. Mas conhecemos a nossa realidade, podemos compreender perfeitamente que me desejavam fora", declarou na entrevista.

A rapidez de sua partida para Berlim já havia alimentado a tese de um exílio forçado, ainda que um porta-voz de Vladimir Putin tenha desmentido categoricamente esta possibilidade.

Khodorkovsky é "livre para voltar para a Rússia. Absolutamente", assegurou no sábado à AFP o porta-voz Dmitri Peskov.

O ex-presidente do grupo Yukos, que já foi o homem mais rico da Rússia, deve participar de uma coletiva de imprensa às 12H00 GMT (10h00 no horário de Brasília) na capital alemã.


Para este encontro com a imprensa, ele escolheu um local muito simbólico, o museu dedicado ao muro de Berlim, perto do Check Point Charlie, mítico ponto de passagem entre o ocidente e o oriente no período da Cortina de Ferro.

No sábado, Khodorkovsky encontrou parentes na capital alemã, incluindo a sua mãe Marina, de 79 anos, cujo estado de saúde motivou o pedido de indulto apresentado à presidência.

Segundo economistas e analistas políticos, o Kremlin busca com a libertação melhorar sua imagem antes dos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, em fevereiro de 2014.

O presidente Vladimir Putin assinou na manhã de sexta-feira o indulto com efeito imediato, citando razões humanitárias.

Em um vídeo divulgado neste domingo, é possível ver o opositor, de cabelos grisalhos e visivelmente muito magro pelos dez anos de detenção, abraçar carinhosamente a sua mãe.

Em seguida, ele se dirige ao seu pai, Boris, de 80 anos, com quem troca algumas palavras sob os olhares curiosos de partidários.

No início da manhã, ele já havia encontrado o seu filho mais velho, Pavel, de 28 anos.

Em uma entrevista à televisão independente Dozhd, Mikhail Khodorkovsky explicou que o presidente Putin tentou obter um reconhecimento de culpabilidade em troca de sua libertação, algo considerado como inaceitável por ele.

Ele acrescentou que foi o ex-ministro alemão das Relações Exteriores Hans-Dietrich Genscher que abriu o caminho para a sua libertação, sugerindo a ideia de um pedido de indulto por razões humanitárias, evocando a saúde de sua mãe, que sofre de um câncer.

Mas foi apenas ao ouvir Vladimir Putin falar aos jornalistas quinta-feira que ele se deu conta de que a sua libertação poderia estar próxima.

Khodorkovsky foi detido em 2003 e condenado em 2005 a oito anos de prisão por "fraude fiscal". Ao lado dele foi condenado seu colega Planton Lebedev.

Em 2010, ao fim de um segundo julgamento por "roubo de petróleo e lavagem de dinheiro" de 23,5 bilhões de dólares, Khodorkovsky recebeu uma pena adicional de seis anos, o que levou a condenação a 14 anos.

A condenação foi posteriormente reduzida em duas ocasiões, para 11 anos, o que deixava a data de libertação do ex-presidente do grupo Yukos em agosto de 2014.

Personalidade querida do regime moscovita após a Guerra Fria, Khodorkovsky passou a denunciar a corrupção das elites políticas russas e a apoiar e financiar os partidos de oposição a Vladimir Putin.

Além da libertação de seu ex-melhor inimigo, Putin também fez os deputados russos votarem uma lei de anistia que poderia levar à libertação de duas integrantes do grupo punk Pussy Riot, condenadas por uma manifestação anti-Putin na catedral da Rússia em 2011.

A tripulação do navio Arctic Sunrise do Greenpeace, detida em setembro após uma ação contra uma plataforma de petróleo no Ártico russo e acusada de "pirataria" e "vandalismo", também poderia beneficiar da anistia.

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