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Michelle Obama, um ícone de confiança e de força política

Em 2016, a mulher que em 2008 hesitava em falar de política lançou os mais ferozes ataques a Trump

Michelle Obama: a primeira-dama repetiu que não está interessada em uma carreira política pessoal (Eric Thayer/Reuters)

Michelle Obama: a primeira-dama repetiu que não está interessada em uma carreira política pessoal (Eric Thayer/Reuters)

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AFP

Publicado em 17 de janeiro de 2017 às 15h05.

Em 2008, Michelle Obama hesitava na campanha eleitoral, temerosa em dizer algo que pudesse colocar em risco o histórico avanço de seu marido para ser o primeiro presidente negro dos Estados Unidos.

Oito anos mais tarde e já como primeira-dama, segura e cheia de confiança, eletrizou a audiência durante a Convenção Nacional do Partido Democrata.

Michelle saiu ao campo de batalha eleitoral fazendo campanha por Hillary Clinton, com fortes ataques à atitude do republicano Donald Trump em relação às mulheres.

"Isso não é normal. Isso é política. Isso é uma desgraça. Isso é intolerável", disse.

Estes discursos cimentaram a transformação de Michelle Obama, que completa 53 anos nesta terça-feira.

Desta forma, esta mulher elegante e alta, formada nas prestigiadas universidades Princeton e Harvard, se transformou em uma voz singular na defesa das mulheres e em um verdadeiro dínamo político.

Michelle, que cresceu no bairro sul de Chicago em um apartamento minúsculo compartilhado com seus pais e seu irmão, também se transformou em um ícone da moda.

"Uma das coisas mais intrigantes de Michelle é que representa tantas coisas para tantas pessoas diferentes", declarou Peter Slevin, professor da escola de Jornalismo da Universidade de Northwestern.

De acordo com Slevin, "ela escolheu seus temas, permaneceu fiel aos seus valores e transformou este papel em algo muito pessoal".

A caminho de Harvard

Michelle LaVaughn Robinson, que nasceu em Chicago no dia 17 de janeiro de 1964, é filha de uma dona de casa e de um pai que nunca faltou ao seu trabalho na usina de água potável da cidade, apesar de uma longa batalha contra a esclerose múltipla.

Mesmo com estas dificuldades recebeu uma educação de alta qualidade, formando-se em direito em duas das mais seletas universidades do país, Princeton e Harvard.

Depois de se formar, Michelle se incorporou ao escritório de advocacia Sidley Austin, em Chicago. Um dia, seus superiores disseram a ela que um jovem advogado havia chegado ao escritório e que ela seria a responsável por conduzir sua carreira.

O jovem se chamava Barack Hussein Obama e o encontro mudou a vida dos dois. Poucos anos depois, a carreira política do jovem Obama disparou e em janeiro de 2009 o casal se mudou para a Casa Branca.

Suas causas

Como primeira-dama, a principal preocupação de Michelle era que as duas filhas do casal, Malia e Sasha, se adaptassem à nova vida.

"Estes primeiros anos na Casa Branca foram de um ajuste duro para Michelle", disse David Axelrod, um ex-assessor de Obama, ao canal CNN. "Ela precisou recomeçar em tantas coisas, e precisou fazer isso diante dos olhos do mundo. É uma pressão enorme", acrescentou.

Finalmente, Michelle encontrou uma função social, lançando a campanha "Let's Move" ("Movimente-se"), encorajando a atividade física entre crianças e jovens para combater a obesidade.

Em 2015 lançou outra iniciativa, "Let Girls Learn" ("Deixe que as meninas aprendam"), uma campanha de alcance mundial para melhorar o acesso à educação de meninas e jovens.

Enquanto isso, também se converteu em uma fonte de suporte para a indústria americana relacionada à moda e ao design.

Em sequência, se lançou sobre a cultura pop e as redes sociais, seja dançando com o apresentador de TV Jimmy Fallon, cantando rap com Missy Elliot no programa "Carpool Karaoke" ou participando do "Mannequin Challenge" com o astro do basquete LeBron James.

"Ela é fundamentalmente 'cool'. Está confortável em qualquer tipo de ambiente. E sempre parece autêntica", disse Jennifer Lawless, diretora do Instituto de Política e Mulher, no American University.

O dínamo político

Durante a divisiva campanha eleitoral de 2016, Michelle adotou um novo e inesperado papel: o de uma locomotiva política.

Nos atos públicos aparecia confortável e perfeitamente natural, na defesa de Hillary, outra mulher que conhecia as dificuldades de ser a primeira-dama.

Assim, a mulher que em 2008 hesitava em falar de política em 2016 lançou os mais ferozes ataques a Trump.

E fez isso a partir de uma perspectiva pessoal, que chamou a atenção. Ao se referir aos comentários sexistas gravados com Trump, Michelle disse que "os homens na minha vida não falam sobre as mulheres desta forma. Não é como os seres humanos decentes se comportam".

Quando Michelle passou a falar politicamente, os americanos perceberam que as pessoas prestavam atenção ao que ela dizia.

O futuro

Em uma entrevista recente, o presidente Obama afirmou que sua esposa esperava agora recuperar algo que se pareça com uma vida normal.

"Michelle nunca realmente utilizou o ato de estar sob o escrutínio público. E isso é irônico, considerando como é boa", expressou.

Michelle repetiu que não está interessada em uma carreira política pessoal. Mas poderá seguir os passos de Hillary Clinton, tentando dar o passo de primeira-dama à presidente?

"Em 12 anos, se o Partido Democrata em Illinois não tiver nenhum candidato forte para disputar o Senado, quem sabe o que pode acontecer? A vida muda, e ela é jovem", disse Lawless.

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